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Ucraniano que teve ‘Glória à Rússia’ marcado na pele diz que vai voltar à guerra por ‘vingança’

Andriy Pereverzev, soldado da Ucrânia torturado em cativeiro russo, promete retornar à luta contra Moscou com “sede de vingança”

Internacional|Do R7

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RESUMO DA NOTÍCIA

  • Andriy Pereverzev, soldado ucraniano, promete voltar à guerra movido pela "sede de vingança" após ser torturado em cativeiro russo.
  • Durante 11 meses de cativeiro, sofreu mutilações, incluindo a frase "Glória à Rússia" gravada em seu abdômen.
  • Pereverzev pede que ucranianos que deixaram o país retornem para fortalecer as tropas na luta pela liberdade.
  • Cerca de 90% dos soldados ucranianos libertados relataram condições precárias de detenção, com torturas e falta de assistência médica.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Andriy Pereverzev teve frase “Glória à Rússia” mutilada no abdômen Divulgação/United24 Media/Clash Report

O soldado ucraniano que teve a frase “Glória à Rússia” mutilada no abdômen enquanto estava mantido em cativeiro em uma prisão na Rússia disse que quer voltar ao campo de batalha para se vingar.

Em entrevista ao jornal New York Post, Andriy Pereverzev afirmou que é movido por um “desejo de vingança” contra os responsáveis pelas torturas a que foi submetido durante os 11 meses em que esteve em cativeiro.


“Depois que eu estiver curado, quero voltar para proteger e lutar pelo país. E me juntarei a isso com mais fervor, uma espécie de sede de vingança”, disse.

Ele também fez um apelo aos ucranianos que deixaram o país no início da guerra, em fevereiro de 2022, para que retornem e fortaleçam as tropas na luta pela “liberdade contra a Rússia”.


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Pereverzev foi gravemente ferido nas pernas e no abdômen por uma granada russa antes de ser capturado na linha de frente, em fevereiro de 2024. Em cativeiro, ele foi submetido a procedimentos médicos descritos por ele como “horríveis”, muitos deles sem anestesia.

Em um dos episódios, um cirurgião russo usou um bisturi quente para gravar a frase “Glória à Rússia” no abdômen do soldado, um ato que ele só descobriu semanas depois, ao remover as bandagens.


O soldado relatou que implorou pela morte durante a captura, temendo as histórias de maus-tratos a prisioneiros ucranianos. Mas os captores, motivados por uma recompensa financeira, optaram por mantê-lo vivo.

Uma imagem que mostra o ferimento de Pereverzev, bem como cicatrizes extensas e outros sinais de violência no corpo do soldado, começou a circular pela internet no início de junho. A autenticidade do registro foi confirmada pela inteligência militar ucraniana logo depois (a imagem, que tem conteúdo sensível, pode ser vista abaixo).


Pereverzev foi libertado em maio de 2025, por meio de uma troca de prisioneiros entre a Ucrânia e a Rússia. As autoridades disseram, na época, que a foto foi tirada por um médico durante um exame de rotina em um centro de reabilitação.

“Esta é uma imagem real. O médico não conseguiu ficar em silêncio diante da gravidade dos ferimentos e a publicou”, disse à época Andriy Yusov, porta-voz da Diretoria Principal de Inteligência (HUR) do Ministério da Defesa da Ucrânia e vice-chefe do Centro de Coordenação para Prisioneiros de Guerra.

Hoje, segundo o New York Post, Pereverzev se recupera em um hospital ucraniano, onde recebe injeções para reduzir as cicatrizes deixadas pelas torturas, com o objetivo de removê-las completamente.

Imagem confirmada por autoridades mostra cicatrizes de tortura sofrida por prisioneiro de guerra da Ucrânia Divulgação/Clash Report

‘Política de Estado’

Segundo Yusov, cerca de 90% dos soldados ucranianos libertados têm relatado condições precárias de detenção, incluindo falta de assistência médica, perda de peso significativa e tortura.

“Há uma diferença gritante entre a condição dos soldados ucranianos que retornam para casa e a dos russos que voltam à Rússia”, disse.

Yusov disse que deve existir pressão internacional para que organizações como o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) tenham acesso aos locais de detenção, que permanecem sem transparência.

Pelo menos 206 prisioneiros de guerra ucranianos morreram em cativeiro russo desde o início da invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia, em 2022, de acordo com uma investigação publicada pela agência de notícias Associated Press (AP) no final de maio.

Um representante da Sede de Coordenação para o Tratamento de Prisioneiros de Guerra da Ucrânia, em entrevista ao United24 Media, site de notícias do governo ucraniano, disse que casos como o do soldado mutilado não são isolados.

“A maioria dos ucranianos em cativeiro russo é mantida em condições desumanas. A tortura é uma política de Estado, não ações de indivíduos desonestos”, afirmou. Ele acrescentou que os prisioneiros, muitos com menos de 25 anos, enfrentam impactos físicos e psicológicos graves, exigindo apoio prolongado para reintegração.

“É crucial que o mundo veja o que nossos defensores enfrentam”, enfatizou Yusov.

Uma investigação do jornal norte-americano Wall Street Journal, publicada em fevereiro deste ano, revelou que agentes penitenciários russos ordenam torturas, como choques elétricos, espancamentos e negligência médica, desde o início da invasão. Ex-agentes descreveram os abusos como sistemáticos e sancionados pelo Estado.

A Ucrânia mantém programas de reintegração para apoiar a recuperação de ex-prisioneiros, mas a falta de monitoramento internacional nos locais de detenção russos continua sendo um obstáculo.

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