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Ucranianos em usina nuclear trabalham sob pressão de armas russas, diz técnico

Instalação em Zaporizhzhia foi dominada pelas tropas da Rússia, enquanto bombardeios cercam perigosamente a região

Internacional|Do R7

Usina nuclear de Zaporizhzhia foi dominada por forças russas durante a guerra
Usina nuclear de Zaporizhzhia foi dominada por forças russas durante a guerra

Técnicos ucranianos na usina nuclear de Zaporizhzhia, controlada atualmente pela Rússia, são atingidos por bombardeios vindos de canhões russos e enfrentam enorme pressão, mas vão ficar para garantir que não haja um desastre como em Chernobyl, afirmou um deles.

O técnico, que pediu que sua identidade não fosse divulgada por medo de represálias russas, ofereceu um raro vislumbre das precárias condições de trabalho em Zaporizhzhia, enquanto Moscou e Kiev trocam acusações sobre a autoria dos bombardeios.

A maior usina nuclear da Europa foi capturada pela Rússia em março e os bombardeios foram amplamente condenados, levando a pedidos de uma missão urgente da Aiea (Agência Internacional de Energia Atômica) à instalação no sul da Ucrânia.

O técnico disse à Reuters que muitos trabalhadores mandaram a família para longe da cidade de Enerhodar, onde a usina está localizada, mas ficaram sozinhos para garantir a operação segura da estação.


"Os funcionários entendem que precisam tirar sua família, mas eles mesmos voltam. Eles têm que trabalhar por causa da possibilidade de uma grande catástrofe como a de Chernobyl em 1986, e isso seria muito pior", disse o técnico.

Tropas russas fortemente armadas estão por toda parte no local, o que é em si altamente estressante, e veículos blindados têm suas armas apontadas para a entrada da usina quando os trabalhadores entram, acrescentou.


As forças russas às vezes não permitem que os trabalhadores voltem imediatamente para casa após seu turno, disse o funcionário.

"Eles encontram uma razão para não deixar sair — bombardeios, ou inventam outra coisa", explica. "Eles estão constantemente andando pelas instalações com armas. É muito difícil quando você entra na fábrica e vê essas pessoas e tem que estar lá. É muito desgastante, mental e psicologicamente."


O Ministério da Defesa russo não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

A Energoatom, o principal órgão estatal ucraniano que normalmente supervisiona a fábrica, disse acreditar que os trabalhadores da instalação estão sendo pressionados e também estão em perigo.

A estatal encaminhou à Reuters os comentários feitos por Petro Kotin, em 2 de agosto, nos quais ele diz que a equipe está trabalhando sob "intensa pressão psicológica e física", e reclama da presença militar russa no local.

A usina nuclear tinha 11 mil funcionários antes da invasão russa, em 24 de fevereiro. As autoridades ucranianas não divulgaram o número atual de trabalhadores, alegando razões de segurança.

Um dos temores constantes é o de que as linhas de eletricidade da usina possam ser cortadas, porque as bombas que resfriam o núcleo do reator e as piscinas de combustível usado precisam de eletricidade para funcionar, disse o técnico.

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Existe uma central elétrica de reserva que funciona a diesel, mas o técnico disse não saber quanto de combustível restava no local.

Como vários bombardeios atingiram o complexo da usina nuclear, a Ucrânia e a Rússia disseram que querem que os inspetores da Aiea visitem as instalações, e o chefe da agência, Rafael Grossi, afirma estar pronto para liderar uma missão.

A ONU diz que pode facilitar essa viagem, mas que Ucrânia e Rússia precisam concordar com isso. O técnico expressou ceticismo quanto à possibilidade de que uma viagem às instalações por uma missão da Aiea ajudaria muito.

"Somente com a desocupação total da cidade, da usina nuclear, da usina termelétrica, das regiões de Zaporizhzhia e Kherson e outras, só assim as pessoas estarão realmente seguras", disse ele.

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