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Último confronto militar entre sul-americanos foi há 24 anos

Considerando o resto do planeta, a região é considerada pacífica. No entanto, existem muitos conflitos territoriais para serem resolvidos

Internacional|Beatriz Sanz, do R7

Fronteira entre Brasil e Venezuela está fechada
Fronteira entre Brasil e Venezuela está fechada

O fechamento da fronteira da Venezuela com o Brasil e o duelo de shows nos limites entre Colômbia e Venezuela deixaram as pessoas alertas, com medo que a presença militar extensa possa causar uma catástrofe na América Latina.

Contudo, o histórico de enfrentamentos militares na região é pequeno, já que as forças militares dos países se equivalem em tamanhos e as disputas territoriais costumam ser resolvidas nos tribunais ou com acordos.

Por conta desse histórico e dos interesses internacionais presentes na crise venezuelana, o mestre em Integração da América Latina pela USP e doutorando em Relações Internacionais pela UnB, Guilherme Frizzera, acredita que o risco de uma disputa armada é pequeno.

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"Um conflito armado na Venezuela assumiria uma dimensão global. Envolveria países como Rússia e China", afirma.


O último registro de um enfrentamento na América do Sul foi há 24 anos, quando Peru e Equador entraram em disputa por conta de uma região de fronteira, no meio da selva amazônica. A região em questão é rica em ouro e petróleo.

O confronto que começou em janeiro de 1995 evoluiu rapidamente e deixou como vítimas ao menos 80 soldados, 50 peruanos e 30 equatorianos. O episódio ficou conhecido como Guerra de Cenepa.


A crise imediata foi contornada rapidamente através da mediação feita por Argentina, Chile, Brasil e Estados Unidos, mas a solução definitiva só aconteceu três anos depois, em 1998, quando os dois países assinaram um tratado determinando exatamente a dimensão da fronteira entre os dois países.

Guilherme Frizzera explica que até mesmo Fernando Henrique Cardoso, presidente brasileiro na época, se envolveu pessoalmente para aliviar a crise.


Muito conflito, pouco confronto

Apesar dos conflitos territoriais históricos, os confrontos militares entre países não são comuns na América do Sul. Frizzera destaca que o principal motivo de disputas na região é exatamente o controle das fronteiras.

"Em número absoluto a América do Sul é a região que mais possui conflitos por causa de fronteiras", garante.

O mais famoso talvez tenha sido a Guerra do Paraguai, que aconteceu entre 1864 e 1870, causando a morte de pelo menos 250 mil soldados brasileiros, argentinos, paraguaios e uruguaios.

Outras disputas armadas como a Guerra do Pacífico deixam cicatrizes até os dias atuais.

Entre 1879 e 1883, Bolívia, Chile e Peru se enfrentaram para decidir quem teria direito ao deserto do Atacama. Na ocasião, o Chile derrotou a Bolívia e o Peru, que eram aliados. Como consequência, a Bolívia ficou sem nenhum saída para o mar.

Até agora, mais de 136 anos depois, a Bolívia continua nos tribunais internacionais tentando conseguir um território com acesso ao oceano Pacífico.

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