Vazamentos de metano sob oceano Antártico geram temores de ciclo de destruição da Terra
Estudo revela múltiplos pontos de liberação do gás que podem intensificar o aquecimento global e afetar o planeta
Internacional|Do R7
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Um grupo internacional de cientistas identificou dezenas de novos vazamentos de metano no fundo do mar da Antártida, em uma descoberta que reforça temores sobre a aceleração do aquecimento global. O gás, altamente potente na retenção de calor, está escapando de regiões rasas do Mar de Ross, ao sul do continente, segundo estudo publicado em 1º de outubro na revista Nature Communications.
Os pesquisadores, liderados por Sarah Seabrook, cientista marinha do instituto Earth Science, da Nova Zelândia, exploraram a área com mergulhadores, veículos subaquáticos e levantamentos acústicos. O objetivo inicial era analisar um único ponto de liberação em Cape Evans, a oeste da Ilha de Ross. No entanto, ao chegar ao local, a equipe encontrou dezenas de novos pontos de emissão, transformando o fundo do mar em um mosaico de bolhas e formações químicas incomuns.
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O metano (CH₄) é um gás de efeito estufa cerca de 80 vezes mais potente que o dióxido de carbono (CO₂) nas duas primeiras décadas após sua liberação na atmosfera. Embora o CO₂ tenha impacto de longo prazo, o metano é considerado um causador mais agressivo do aquecimento no curto prazo. Sua origem é mista: 60% das emissões vêm de atividades humanas, como agricultura e queima de combustíveis fósseis, e 40% de fontes naturais.
Com o aumento das temperaturas globais, especialistas alertam para um “ciclo de retroalimentação” perigoso. O derretimento do gelo e do permafrost, as camadas congeladas do solo, libera quantidades adicionais de metano e CO₂, que, por sua vez, intensificam o aquecimento e provocam mais degelo. Esse ciclo, segundo os autores do estudo, já começa a se manifestar também nas águas antárticas.
Antes dessa pesquisa, havia apenas um vazamento de metano confirmado no continente antártico, descoberto em 2011. No Ártico, milhares de pontos semelhantes já foram registrados. Em ambos os polos, essas fissuras liberam bolhas e formam tapetes brancos de microrganismos que se alimentam do gás, visíveis no leito marinho e usados como marcadores pelos cientistas.
As novas emissões na Antártida surgiram em áreas monitoradas há décadas, o que indica que se trata de um fenômeno recente. Os pesquisadores suspeitam que o degelo impulsionado pela mudança climática esteja desestabilizando depósitos de metano antes retidos sob o gelo, liberando o gás para a água e, potencialmente, para a atmosfera.
Ainda não há estimativas sobre quanto metano está escapando nem sobre o volume retido sob a camada de gelo. No entanto, os cientistas temem que os vazamentos sejam mais comuns do que se pensava, com possíveis impactos adicionais, como acidificação dos oceanos e desequilíbrio dos ecossistemas marinhos.
Sarah Seabrook destacou que a velocidade com que o ambiente costeiro antártico vem se transformando exige ação coordenada entre países. “Se esses vazamentos continuarem aparecendo nas áreas em que trabalhamos, precisamos nos perguntar como será o ambiente costeiro da Antártida em cinco ou dez anos”, alertou.
A equipe pede a criação urgente de programas internacionais de monitoramento. Para os autores, o sistema climático está mudando “diante de nossos olhos” e os vazamentos de metano podem ser um dos sinais mais preocupantes de que o planeta está entrando em uma nova fase de instabilidade ambiental.
Perguntas e Respostas
Quais foram as descobertas feitas por cientistas na Antártida?
Um grupo internacional de cientistas identificou dezenas de novos vazamentos de metano no fundo do mar da Antártida, especialmente na região do Mar de Ross. Essa descoberta levanta preocupações sobre a aceleração do aquecimento global.
Quem liderou a pesquisa e como foi realizada?
A pesquisa foi liderada por Sarah Seabrook, uma cientista marinha do instituto Earth Science, da Nova Zelândia. A equipe utilizou mergulhadores, veículos subaquáticos e levantamentos acústicos para explorar a área. Inicialmente, o foco era um único ponto de liberação em Cape Evans, mas foram encontrados muitos outros pontos de emissão.
Qual é a importância do metano em relação ao aquecimento global?
O metano (CH₄) é um gás de efeito estufa que é cerca de 80 vezes mais potente que o dióxido de carbono (CO₂) nas primeiras duas décadas após sua liberação na atmosfera. Embora o CO₂ tenha um impacto de longo prazo, o metano é um causador mais agressivo do aquecimento no curto prazo.
Como o aumento das temperaturas globais pode afetar o ciclo do metano?
Especialistas alertam para um "ciclo de retroalimentação" perigoso, onde o derretimento do gelo e do permafrost libera mais metano e CO₂, intensificando o aquecimento e provocando mais degelo. Esse ciclo já está se manifestando nas águas antárticas.
Qual era a situação dos vazamentos de metano na Antártida antes dessa pesquisa?
Antes dessa pesquisa, apenas um vazamento de metano havia sido confirmado na Antártida, descoberto em 2011. Em contraste, milhares de pontos semelhantes já foram registrados no Ártico.
O que os pesquisadores suspeitam sobre a origem dos novos vazamentos?
Os pesquisadores acreditam que o degelo causado pela mudança climática está desestabilizando depósitos de metano que estavam retidos sob o gelo, liberando o gás para a água e potencialmente para a atmosfera.
Quais são as preocupações em relação aos vazamentos de metano?
Ainda não há estimativas precisas sobre a quantidade de metano que está escapando ou o volume retido sob a camada de gelo. Contudo, os cientistas temem que esses vazamentos sejam mais comuns do que se pensava, podendo causar acidificação dos oceanos e desequilíbrio dos ecossistemas marinhos.
Qual é a recomendação dos pesquisadores para lidar com essa situação?
Sarah Seabrook enfatizou a necessidade de ação coordenada entre países para monitorar as mudanças no ambiente costeiro antártico. A equipe pede a criação urgente de programas internacionais de monitoramento, alertando que os vazamentos de metano podem ser sinais de que o planeta está entrando em uma nova fase de instabilidade ambiental.
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