Venezuela restabelece eletricidade após blecaute maciço
Segundo governo, ataque terrorista contra hidrelétrica causou falta de energia. Aulas e jornadas de trabalho estão suspensos até sexta-feira (29)
Internacional|Do R7
Várias cidades da Venezuela, incluindo amplas zonas da capital Caracas, começaram a restaurar paulatinamente o fornecimento de eletricidade nesta quinta-feira (28), na esteira de um blecaute maciço que afeta o país petroleiro desde segunda-feira (25), disseram testemunhas da Reuters e usuários de redes sociais.
Segundo o governo, um "ataque terrorista" deixou a maioria dos 24 Estados da nação sem energia. Desde então, a estatal elétrica luta para restabelecer o serviço, mas na manhã desta quinta-feira (28) ainda havia regiões sem luz devido a falhas no maior complexo hidrelétrico da Venezuela.
As principais cidades tentam retomar seu ritmo habitual, mas muitas amanheceram com pouco movimento, já que o governo de Nicolás Maduro prorrogou a suspensão das aulas e da jornada de trabalho até sexta-feira (29).
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"Não acredito que tenha sido uma sabotagem", disse Yolimar Arellano, auxiliar de escritório de 43 anos de Caracas que contou ter tido que pegar três ônibus para chegar ao trabalho porque o metrô não estava funcionando.
"Há anos que não fazem manutenção e roubam o dinheiro. Agora tenho luz, mas não tenho água."
Na noite de quarta-feira (27), Maduro cogitou a possibilidade de adotar um plano de distribuição escalonada de eletricidade.
"Quero deixar bem claro ante o país e o mundo que, graças à habilidade dos funcionários da Corpoelec, estamos garantindo o serviço, mas teremos que aplicar um plano de administração de energia nos próximos dias", disse o presidente, sem dar maiores detalhes.
No início de março, um grande blecaute deixou boa parte da nação no escuro durante quase uma semana. No interior do país, porém, os cortes de luz não são novidade.
Maduro garantiu que o "atentado terrorista" mais recente foi provocado por um franco-atirador armado com um fuzil e que a "direita perversa, diabólica" estava por trás da ação.
Desde segunda-feira, quando os cortes de luz começaram, três pessoas morreram em hospitais públicos devido a causas relacionadas ao blecaute, denunciou o médico Julio Castro, da ONG "Médicos pela Saúde".
Especialistas argumentam que os blecautes são produto da deterioração da infraestrutura depois de anos de falta de investimento no setor, nacionalizado em 2007 pelo falecido presidente Hugo Chávez. Após os últimos cortes, segundo estes, o sistema elétrico está ainda mais vulnerável.
O blecaute afetou as operações do principal terminal de exportação de petróleo do país, José, e as quatro refinarias de petróleo bruto extrapesado, controlados pela estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA), também estavam paralisadas.