Vítimas do Titan tiveram morte instantânea e sem dor, mas corpos foram despedaçados
Os tripulantes do submersível, que pretendiam visitar os destroços do Titanic, foram esmagados e desapareceram, dizem especialistas
Internacional|Do R7
Enquanto pessoas do mundo inteiro discutiam se o oxigênio dentro do submersível Titan seria suficiente para manter os cinco ocupantes vivos, eles, provavelmente, já estavam mortos. Segundo especialistas, a implosão "catastrófica" causada pela pressão da água do fundo do mar esmagou a embarcação e matou os passageiros instantaneamente, deixando seus corpos despedaçados.
A cápsula, da empresa OceanGate, era feita de fibra de carbono, material experimental e ainda não testado em grandes profundezas, e teria sofrido uma pressão externa que equivale, aproximadamente, ao peso da Torre Eiffel, de 10 mil toneladas, de ferro.
A força da água causaria uma série de explosões, que fariam o veículo desaparecer em questão de segundos, quase sem deixar vestígios, e os passageiros morreriam no momento em que a massa de água os atingisse, explicou à NBC News o professor Paul White, da Universidade de Southampton, na Inglaterra, especialista em acústica e forças subaquáticas.
Ele afirmou que a força da pressão da água do mar profundo é tão colossal e imediata que faria o veículo sumir antes mesmo que algum tripulante pudesse imaginar o que estava acontecendo. Os ocupantes do Titan eram Stockton Rush, Shahzada Dawood e seu filho, Suleman Dawood, Hamish Harding e Paul-Henri Nargeolet.
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Para ilustrar o que disse, White pediu às pessoas que pensassem na sensação de peso no nariz e nas orelhas, causada pela pressão da água, quando mergulham no fundo de uma piscina. "É assim, mas mil vezes maior.”
O Titanic está, segundo o professor, a uma profundidade de cerca de 12,5 mil pés (quase 4.000 quilômetros), onde a pressão da água é quase 400 vezes maior do que na superfície do oceano. Dessa forma, cada centímetro quadrado do exterior do Titan recebia uma pressão de, aproximadamente, 6.000 libras, o equivalente a mais de 2.700 kg.
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De acordo com o monitoramento da Marinha dos Estados Unidos, foi perdido o contato com o submarino cerca de 1h45 depois de seu mergulho. Dados acústicos identificaram “uma anomalia consistente com implosão ou explosão” perto do local onde o Titan estava quando saiu dos radares no domingo (18), disse um oficial sênior da Marinha.
Quatro dias mais tarde, foram localizados apenas alguns destroços, o que confirma a natureza violenta da implosão e torna qualquer tentativa de recuperação da embarcação e de seus passageiros problemática.
Para o doutor Nicolai Roterman, ecologista de águas profundas da Universidade de Portsmouth, na Inglaterra, a recuperação de qualquer corpo apresentaria "desafios substanciais". "E acho que a prioridade, neste momento, é a recuperação do máximo de destroços possível", comentou, ao opinar sobre o que pode contribuir para elucidar o caso.
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Na quinta-feira (22), pouco tempo depois de divulgar ter encontrado destroços do submergível, a Guarda-Costeira dos EUA evitou falar sobre os esforços de recuperação. O contra-almirante John Mauger disse que é por causa das forças do fundo do mar que expedições como essa são tão raras, o que levou o ser humano a explorar muito mais o espaço do que as profundezas do oceano.
Blair Thornton, professor de autonomia marítima, também na Universidade de Southampton, compara a força da pressão ao peso da Torre Eiffel, de quase 10 mil toneladas. Embora não conheça detalhes do projeto de construção do Titan, ele disse que incidentes como esse podem ser resultado de minúsculos defeitos na fabricação, alguns deles microscópicos.
"Todo esse processo aconteceu em um piscar de olhos, um estalar de dedos. Não acho que houve sofrimento nem nenhuma consciência do que aconteceu", finalizou.