Vizcarra diz que dissolveu Congresso pensando no melhor para o Peru
Presidente fez primeira aparição pública desde que publicou decreto para fechar Congresso e convocar novas eleições legislativas no país
Internacional|Da EFE
O presidente do Peru, Martín Vizcarra, afirmou nesta sexta-feira (4) que decidiu dissolver o Congresso pensando no melhor para o país, já que considera que a medida colocará um ponto final nas disputas entre Executivo e Legislativo.
Em uma visita de trabalho à cidade de Pucallpa, na Amazônia peruana, Vizcarra reconheceu que os últimos dias foram difíceis, mas disse que todas as decisões tomadas por ele foram tomadas pensando no que é melhor para o país e para todos os peruanos.
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Esta foi a primeira aparição pública de Vizcarra desde a publicação do decreto para dissolver o Congresso e convocar novas eleições legislativas no país. Parte da oposição respondeu aprovando a suspensão temporária do presidente do cargo. A vice-presidente do país, Mercedes Araóz, chegou ser empossada interinamente, mas renunciou.
"Temos um enorme potencial e ele não se desenvolve porque a classe política não se coloca à altura das circunstâncias para trabalhar e se dedicar aos verdadeiros problemas", lamentou.
Prerrogativas constitucionais
Vizcarra voltou a afirmar que usou prerrogativas constitucionais para fechar o Congresso, que é dominado pela posição fujimorista. Ontem, o presidente deu posse a um novo gabinete de ministros, uma exigência prevista na lei quando uma moção de confiança apresentada pelo governo é rejeitada pelo Congresso.
"Quero reafirmar aqui que todas as decisões foram tomadas respeitando nossa democracia e nossa Constituição. (_) Devemos deixar claro para a população que o inimigo dos peruanos é a pobreza, a falta de serviços básicos. Esse deve ser o objetivo principal", disse Vizcarra.
Para o presidente peruano, as eleições legislativas marcadas para ocorrer no próximo dia 26 de janeiro serão uma oportunidade para superar essa "etapa de confronto" no país.
Vizcarra também destacou o fato de estar acompanhado de dois novos ministros na viagem, uma prova de que o governo segue funcionando normalmente apesar da aprovação no Congresso da suspensão temporária do presidente.
Crise peruana
A crise política peruana se agravou na última segunda-feira. Irritado com a decisão do fujimorismo de prosseguir com a votação dos novos integrantes do Tribunal Constitucional, Vizcarra enviou uma moção de confiança ao Congresso para modificar os critérios de escolha dos novos juízes.
O Congresso ignorou a ação do governo, fazendo o então primeiro-ministro do Peru, Salvador del Solar, entregar o cargo por considerar que a moção de confiança havia sido rejeitada. Vizcarra, então, dissolveu o Legislativo.