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Crise no Peru é efeito cascata das investigações da Odebrecht

Esquema de corrupção já derrubou 4 presidentes, e agora, em meio à crise, Martín Vizcarra pode sofrer impeachment e vice assumiu o poder

Internacional|Giovanna Orlando, do R7

Manifestantes apoiam presidente Martín Vizcarra, que pode sofrer impeachment
Manifestantes apoiam presidente Martín Vizcarra, que pode sofrer impeachment

A crise econômica no Peru ganhou um novo capítulo. Depois de quatro presidentes envolvidos em escândalos de corrupção envolvendo subornos da Odebrecht, um suicídio e uma renúncia, agora o novo presidente pode ser afastado.

Na noite de segunda-feira (30), o presidente Martín Vizcarra anunciou a dissolução do Congresso, depois que os parlamentares rejeitaram pela segunda vez uma moção de confiança, e convocou novas eleições parlamentares para janeiro.

Instantes depois, os parlamentares apresentaram o pedido de impeachment de Vizcarra e empossaram a vice, Mercedes Araoz, como presidente interina.

Nesta terça-feira, porém, Mercedes Araoz, anunciou sua renúncia ao cargo de vice-presidente e pediu a convocação de eleições gerais em um comunicado pelo Twitter. 


"Espero que minha renúncia leve à convocação de eleições gerais no menor tempo possível para o bem do país", disse ela na publicação, que acompanha uma carta ao presidente da Comissão Permanente do Congresso, Pedro Olaechea. Mercedes Araoz afirmou que a razão "fundamental" de sua decisão é que "a ordem constitucional no Peru foi quebrada".

Agora, o país tem um golpe montado, na opinião de Guilherme Frizzera, mestre em Integração da América Latina pela USP e doutorando em Relações Internacionais pela UnB. 


Também nesta terça-feira, o presidente do Congresso, Pedro Olaechea, convocou todos os congressistas e suplentes para uma reunião, que deve ser realizada hoje, para tentar resolver a crise política do país. Olaechea ressaltou que aceita que a OEA (Organização dos Estados Americanos) seja mediadora na resolução do conflito. 

A posse de Vizcarra


Martín Vizcarra assumiu a presidência depois da renúncia de Pedro Pablo Kuczynski, envolvido na Lava Jato peruana e acusado de corrupção e receber propina da empreeiteria Odebrecht.

O novo presidente, no entanto, não era político, era burocrata, como explica Frizzera. “Ele não tinha habilidade para lidar com o executivo e com o Parlamento, que tem maioria da oposição”.

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Quando assumiu, Vizcarra propôs um pacote de leis anticorrupção, depois que 4 ex-presidentes peruanos estavam envolvidos em esquemas de corrupção com a empreiteira brasileira Odebrecht.

Mesmo sendo de oposição, ele conseguiu aprovar os projetos. Mas, depois que sugeriu algumas mudanças e novos projetos, a relação com os parlamentares se tornou conturbada.

O presidente sugeriu que os atuais deputados não possam concorrer à reeleição, além de querer encurtar os mandatos de 2021 para 2020. Ele também havia proposto uma mudança na forma de indicar ministros para a Suprema Corte. Nenhuma das medidas foram aprovadas.

Odebrecht pagou mais de R$ 120 milhões
em subornos
Odebrecht pagou mais de R$ 120 milhões em subornos

Ex-presidentes e a Odebrecht

Vizcarra é o primeiro de quatro presidentes que não tem envolvimento com a Odebrecht ou protagonizou algum escândalo de corrupção. A empreiteira admitiu em 2016 subornos de US$ 29 milhões, cerca de R$ 120 milhões, as autoridades peruanas entre 2005 e 2014.

O ex-presidente Alejandro Toledo Marinque (2001-2006) é acusado de receber R$ 83 milhões para favorecer a empreiteira na licitação da Rota do Pacífico. Ele chegou a ter a prisão decretado, mas está foragido.

Alan García, que assumiu o poder de 2006 a 2011, recebeu dinheiro para ajudar nas obras da linha 1 do metrô de Lima. Ele se matou para evitar a prisão.

Já Ollanta Humala, do partido opositor a Vizcarra, e a a mulher, Nadine Heredia, receberam mais de R$ 11 milhões de financiamento da empreiteira na campanha presidencial de 2011.

E, finalmente, Pedro Pablo Kuczynski, que renunciou ao mandato em 2018 e deixou o vice no poder.

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