Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Zimbábue: reforma agrária vai pagar benefícios a fazendeiros brancos

Os fazendeiros negros que beneficiados pela reforma de robert Mugabe consideram injusta a decisão do governo de pagar as indenizações

Internacional|Beatriz Sanz, do R7

A reforma foi começou controversa, mas as polêmicas envolvendo o projeto continuam
A reforma foi começou controversa, mas as polêmicas envolvendo o projeto continuam A reforma foi começou controversa, mas as polêmicas envolvendo o projeto continuam

O governo do Zimbábue anunciou que em breve começará a compensação dos fazendeiros brancos que foram retirados de suas terras durante a reforma agrária que aconteceu em 2000. A decisão abriu um novo episódio na crise do país.

O governo reservou o equivalente a US$ 18,5 milhões (cerca de R$ 74,7 milhões) no orçamento deste ano para ressarcir 4.500 fazendeiros brancos. Os antigos proprietários de terra insistem que o valor dessas dívidas do Estado é muito maior, algo entre US$ 9 e US$ 30 bilhões (entre R$ 36 e R$ 121 bilhões).

Contudo, os fazendeiros negros beneficiados pela reforma consideram injusta a decisão do governo de pagar as indenizações.

Leia também

Segundo o professor da Universidade de Cape Town, na África do Sul, e especialista em reforma agrária, Grasian Mkodzongi, os zimbabuanos acreditam que esse montante poderia ser investido na produção agrícola do país.

Publicidade

“Muitos zimbabuanos negros acreditam firmemente que os agricultores brancos não ‘compraram’ a terra, então por que deveriam ser compensados?”, ressalta.

A origem da crise

Publicidade

A reforma agrária aconteceu sob o comando do ex-presidente Robert Mugabe, no início do século.

Mugabe, um ex-guerrilheiro que comandou o país por 37 anos, pôs em prática as mesmas medidas tomadas pelo imperialista britânico Cecil John Rhodes, colonizador da região onde atualmente fica o Zimbábue, em 1890.

Publicidade

Quando invadiu essa parte do continente africano, Rhodes e seus colonos despejaram a população negra que já praticava agricultura no local, tomando suas terras, animais e outros bens.

Mugabe se propôs a corrigir a história através da expatriação de fazendeiros brancos. Essa política de favorecimento dos negros, no entanto, causou uma comoção global. Diversos países ocidentais declararam sanções comerciais, asfixiando a economia do país.

“As sanções levaram à estagnação econômica e o Zimbábue não pôde mais fazer empréstimos com instituições financeiras internacionais (Como o FMI e o Banco Mundial, por exemplo). Isso, por sua vez, minou a capacidade do governo de apoiar os agricultores”, explica Mkodzongi.

Era pós-Mugabe

Em novembro de 2017, Robert Mugabe foi forçado a renunciar após perder o apoio da população, dos militares e de outros setores que sustentavam seu governo. Quem assumiu o poder foi o vice na época, Emmerson Mnangagwa.

Os fazendeiros brancos, através de seus sindicatos, já haviam conseguido aprovar emendas que garantissem a compensação, mas Mugabe insistia em não colocá-las em prática, afirmando que as reparações deveriam ser bancadas pelo Reino Unido, que explorou o território do Zimbábue por séculos.

Ao contrário de seu antecessor, Mnangagwa decidiu que a compensação aos fazendeiros brancos era necessária para acabar com as sanções econômicas.

Segundo Mkodzongi, esse aceno não foi suficiente “pois os EUA recentemente renovaram as sanções contra o Zimbábue”.

Compensações pelo mundo

Em outros países, o debate sobre reparações históricas está posto. Nos EUA, diversos pré-candidatos já se demonstraram favoráveis a um ressarcimento a descendentes de pessoas escravizadas no país.

Por outro lado, o professor da África do Sul faz um alerta: “Não tenho certeza se isso [a reparação aos fazendeiros brancos] estabelecerá um precedente global”.

Desse modo, é possível que a luta de descendentes de escravos e da população africana prejudicada pela colonização não tenha o mesmo respaldo que os fazendeiros brancos do Zimbábue.

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.