Advogado preso indicou escrivão da PF para o conselho do Cruzeiro
Policial Márcio Antônio Camillozzi Marra repassava ao advogado Ildeu da Cunha Pereira informações sigilosas sobre "poderosos" de Minas
Minas Gerais|Ezequiel Fagundes, da Record TV Minas
Mensagens de WhatApps, que fazem parte da operação Escobar, desencadeada nesta quarta-feira (5), pela (PF) Polícia Federal em Belo Horizonte, revelam que um dos advogados presos atuou diretamente para emplacar um escrivão da PF no cargo de conselheiro do Cruzeiro.
Segundo as investigações, em troca da indicação para o cargo no clube de futebol, o policial Márcio Antônio Camillozzi Marra repassava ao advogado Ildeu da Cunha Pereira informações sigilosas sobre "poderosos" de Minas. O jornalismo da Record TV teve acesso as conversas entre Pereira e um conselheiro do time mineiro.
No diálogo, Ildeu da Cunha solicita a nomeação do policial para o conselheiro nato do Cruzeiro, José Maria Fialho.
Ildeu da Cunha Pereira:
— Vai ter votação? Ajuda o Marra.
José Maria Fialho:
— Ele vai.
Ildeu da Cunha Pereira:
— Como assim?
José Maria Fialho:
— Ele vai ser conselheiro, depois te ligo.
Vantagens
Ligado ao ex-senador Zezé Perrella, que hoje preside o conselho do Cruzeiro, Fialho é sócio da empresa Stylus Alimentação, juntamente com o empresário Alvimar Perrella, irmão de Zezé. Quanto Alvimar era presidente do clube Azul, Fialho foi seu vice. Já Ildeu da Cunha foi superintendente jurídico do Cruzeiro durante a gestão de Zezé.
Segundo a investigação, o cargo de conselheiro garante certas vantagens, como viajar de graça para assistir jogos fora de Belo Horizonte, frequentar estádios em lugar especial, entre outros. Em troca do cargo, o escrivão passou a monitorar diversos inquéritos policiais sigilosos que tramitam na superintendência da PF em Belo Horizonte. Entre os inquéritos, a operação Capitu, que investiga a relação do empresário Joesley Batista com uma rede de supermercados da capital.
O outro lado
A reportagem entrou em contato com o assessor do conselho do Cruzeiro, mas ele não atendeu as ligações. O ex-vice-presidente e conselheiro José Maria Fialho foi procurado, mas também não atendeu aos telefonemas. Na empresa de Fialho, uma atendente disse que ele está viajando, mas que retornaria aos pedidos de entrevista. A PF não comentou a prisão do escrivão Márcio Marra.