Engavetamento matou dois homens nesta sexta
Gisele Ramos / Record TV MinasDados da PMRM (Polícia Militar Rodoviária de Minas Gerais) apontam que o Anel Rodoviário de Belo Horizonte registrou em 2022, até o momento, ao menos 272 acidentes de trânsito com vítimas - uma média de 1,7 caso por dia.
O levantamento da corporação também indica que 11 pessoas morreram nos acidentes ocorridos na pista neste ano.
Dentre os acidentes do balanço, está o engavetamento que terminou com duas mortes e seis feridos na noite desta sexta-feira (10), na altura do bairro Betânia, na região oeste. A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o caso.
Silvestre Andrade, consultor e especialista em trânsito, destaca que a região onde ocorreu o acidente desta sexta-feira é palco frequente de batidas. O especialista explica que a característica de descida longa no trecho, acompanhada de curvas sucessivas, propicia o cenário. Ele acrescenta, ainda, o volume de veículos que passam pelo local. De acordo com a Polícia Rodoviária Militar, 160 mil veículos trafegam pelo Anel Rodoviário diariamente.
"Você mistura um tráfego pesado de veículos de grande porte e veículos leves que trafegam na área urbana, você mistura um que tem tendência em velocidade maior com um de velocidade menor, esse conflito de usos também é ruim", pontua Andrade.
Na última quarta-feira (8), um casal também morreu a um quilômetro de distância do acidente desta sexta-feira, após bater a moto em que estavam em um veículo. A diferença é que a batida mais recente aconteceu no sentido Vitória, enquanto o outro ocorreu na direção Rio de Janeiro.
Veja o número de mortes no Anel entre 1º de janeiro e 08 de junho dos anos anteriores:
- 2020: 12
- 2021: 11
Veja o número de acidentes no Anel entre 1º de janeiro e 08 de junho dos anos anteriores:
- 2020: 258
- 2021: 290
Rodoanel como solução
Os acidentes no Anel Rodoviário são problemas questionados pelo poder público há anos. Uma das soluções para desafogar a via, apresentada pelo Governo de Minas, é a construção de um Rodoanel, que pretende desviar o trânsito para cidades da região metropolitana, ligando as BRs 040, 262 e 381.
A primeira versão do projeto foi divulgada em janeiro deste ano. A ideia é que uma empresa seja contratada para fazer a obra e assumir a administração da nova pista, que terá pedágios.
A licitação do projeto estava prevista para acontecer no dia 28 de abril, mas foi adiada para o próximo dia 28 de julho. Segundo o Governo, a alteração foi necessária para dar mais tempo de preparo para as empresas interessadas em dar lances.
O projeto deve receber investimento de R$ 5 bilhões do poder público, que virá do acordo do Governo de Minas com a Vale em reparação aos impactos causados pelo rompimento da barragem de Brumadinho, na Grande BH. A expectativa é que a primeira parte da obra seja entregue em 2026.
Áreas de escape
Outra alternativa apresentada pela Prefeitura de Belo Horizonte para amenizar os riscos de acidentes foi a criação de uma área de escala no terreno ao lado do Anel Rodoviário, na altura do bairro Betânia, onde costuma acontecer a maior parte das batidas.
A obra começou em outubro de 2021. Procurada neste sábado (11), a prefeitura informou que a previsão é que o projeto seja concluído ainda neste semestre.
"Após a interrupção das obras em função do período chuvoso, cerca de 65% dos serviços já se encontram executados: supressão de árvores, destoca e limpeza da área, terraplenagem, pavimentação e estrutura de concreto. Faltam a pavimentação, parte das estruturas de concreto em fase final de acabamento, os serviços de pintura, iluminação e sinalização, bem como a drenagem superficial e profunda", informou o executivo municipal.
"Com recursos próprios da Prefeitura, esta etapa da obra está sendo executada dentro do orçamento inicial previsto que é de aproximadamente R$ 3,5 milhões", completou em nota.
Entenda a dinâmica do acidente desta sexta-feira:
• Dois carros se envolvem em um acidente, sendo um batendo na traseira do outro. Os próprios motoristas desceram para fazer a sinalização e ligaram para a Via 040, concessionária que administra o trecho;
• Caminhão-reboque da Via 040 chega ao local e começa a sinalizar a pista. Neste momento, um outro caminhão carregado com cerveja, que trafegava pela faixa da esquerda, não consegue parar e atingiu o carro de um laboratório, a traseira do veículo da concessionária e para ao bater e derrubar a barreira do radar de velocidade;
• Em seguida, um outro caminhão que transportava equipamentos de som também não consegue parar a tempo e bate em uma caminhonete - que ficou destruída - e em um carro de passeio - que capotou. O caminhão tombou e parou com as rodas viradas para cima, nas margens do Anel Rodoviário. O sonoplasta Douglas Castilho, então com 50 anos, dirigia o veículo. Ele estava sozinho e morreu na hora. O publicitário Paulo Silva, então com 61 anos, estava na caminhonete e também morreu.
Fotos mostram rastro de destruição após acidente no Anel Rodoviário: