Seis blocos de Carnaval de Belo Horizonte lançaram um manifesto pedindo reconhecimento do Poder Público e reivindicando a criação de uma política que apoie o setor durante a pandemia da covid-19, período em que estão impedidos de realizar eventos.
O texto é assinado pelos blocos Chama o Síndico, Então Brilha, Havayanas Usadas, Me Beija Que Eu Sou Pagodeiro, Sagrada Profana e Samba Queixinho. Os integrantes desses coletivos reconhecem que a situação não permite que os blocos saiam às ruas da capital, mas acusam o Poder Público e o setor privado de “omissão completa”.
O manifesto cita um levantamento do FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) que mostra que, só em 2018, o Carnaval movimentou R$ 290 milhões e gerou mais de 6.500 empregos na capital mineira
Carnaval cancelado
Em 2020, Belo Horizonte recebeu mais de quatro milhões de foliões, número que mostra como a festa cresceu nos últimos anos. O músico Heleno Augusto, do grupo Havaianas Ousadas, alega que os benefícios concedidos pelo governo não foram suficientes.
— Nós queríamos que uma parte disso que a gente movimentou na cidade voltasse para os blocos de Carnaval. Temos músicos e famílias precisando desse alento.
O Então Brilha foi às ruas da capital mineira em 2020 com o tema “Esperança de um Futuro Melhor”. O guitarrista Rubem Aredes destaca que, olhando agora, a frase soa como uma previsão do que seria o ano de 2020.
— É claro que a gente não imaginava que a pandemia chegaria com a força que chegou, mas, de alguma maneira, a gente já pressentia a necessidade de lutar por um futuro melhor.
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Já o músico Gustavo Caetano, do bloco Unidos do Samba Queixinho, reafirma a importância dos blocos para a movimentação financeira da capital na última década e alega que a necessidade de auxílio financeiro é imediata.
— Essa era a época que estaríamos trabalhando sem parar, na verdade a gente trabalha o ano inteiro. É importante que a gente consiga um repasse agora.
Outro lado
Em nota, a Belotur (Empresa de Turismo de Belo Horizonte), informou que mantém diálogo constante com os realizadores do Carnaval da capital. A pasta ressaltou que mais de R$ 1 milhão foram repassados a espaços culturais, organizações comunitárias e outros coletivos que trabalham no setor, incluindo alguns blocos de Carnaval.
Em nota, o Governo de Minas informou que 2.128 integrantes do setor cultural foram contemplados pelo benefício do auxílio emergencial para a categoria, totalizando R$ 1.276.800 em pagamentos. Também foram abertos, pela Secretaria de Cultura, 27 editais para contemplar instituições dentro da Lei Aldir Blanc. Segundo o Governo de Minas, o total repassado à classe artística supera os R$ 120 milhões.