Bombeiro perdeu noites de sono e emagreceu em Brumadinho (MG)
Pedro Aihara ficou conhecido pela pela serenidade, pela disponibilidade para responder a qualquer pergunta e pelo carinho com as famílias das vítimas
Minas Gerais|Matheus Renato Oliveira* do R7, com Diogo Menezes, da Record TV Minas
Um mês após o rompimento da barragemda Vale em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o tenente Pedro Aihara, que ficou famoso por representar os bombeiros durante as coletivas, relembrou os desafios da operação. O militar conta que chegou a perder noites de sono e emagrecer quatro quilos.
Aihara, de 26 anos, ficou conhecido pela pela serenidade, pela disponibilidade para responder a qualquer pergunta e pelo carinho com que estava tratando as famílias das vítimas.
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Em 2012, no Primeiro Batalhão do Corpo de Bombeiros, em Belo Horizonte, o tenente, aos 19 anos, iniciou iniciou a carreira na corporação.
Sete anos depois, ele nunca esteve tão certo da vocação que tem para ajudar pessoas. O tenente também passou por outra tragédia: o incêndio em uma escola em Janaúba, no norte de Minas Gerais, em outubro de 2017.
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Porta-voz há dois anos, ele garante que precisa ter cuidado para passar as informações.
— Dependendo de como a informação é repassada no momento de um desastre, ela pode aumentar ou diminuir a tragédia. Dependendo da maneira que eu passo essa informação eu posso gerar um caos na cidade.
Em Brumadinho, ele chegou a perder quase quatro quilos durante os primeiros dias da tragédia e ficou algumas noites sem dormir bem.
— Nos seis primeiros dias eu praticamente não dormi. Tirava alguns cochilos mas não conseguia dormir. Até alimentar era difícil. Eu estava em um estado de tensão tão grande que as necessidades fisiológicas acabaram ficando em segundo plano.
O reconhecimento também veio nas redes sociais. O tenente saltou de 7.000 para quase 190 mil seguidores em uma rede social.
— Muitas pessoas resolveram manifestar o carinho e o respeito pela corporação por meio de mim, porque como eu estava trabalhando como porta-voz, eu acabei simbolizando a corporação.
Ele ainda afirma que as buscas não tem data para acabar.
— Vai chegar um momento em que o avançado estado de decomposição do corpo não vai permitir mais a recuperação porque a lama e a matéria orgânica acabam se misturando. A situação de desaparecido é mais angustiante do que a própria notícia da morte. Até por respeito às famílias, a gente continua buscando os desaparecidos.
* Estagiário do R7, sob supervisão de Pablo Nascimento