Brumadinho vira canteiro de obras 4 meses após tragédia em barragem
Vale diz que vai retirar a lama das áreas afetadas e faz obras de recuperação ambiental que transformaram a cidade em um grande canteiro de obras
Minas Gerais|Márcio Neves, enviado do R7 a Brumadinho (MG)
Após quatro meses da tragédia do rompimento da barragem da mina do Córrego do Feijão, da Vale, no distrito de mesmo nome em Brumadinho (MG), boa parte da cidade se tornou um verdadeiro canteiro de obras.
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A maioria dos hotéis estão lotados, mas não de turistas – que representam a segunda atividade econômica mais importante da cidade depois da mineração – e sim de trabalhadores de empresas prestadoras de serviços para a Vale.
“Hoje meu hotel está lotado, a maioria são prestadores de serviços e bombeiros que ainda atuam nas buscas na cidade", afirmou Elaine de Castro, proprietária de um hotel na cidade.
A Vale se comprometeu a remover todo o rejeito de minério que se espalhou em em uma área com cerca de 10 km que atravessa alguns distritos da cidade. Além de tratar a água e devolve-la limpa ao rio Paraopeba.
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Para fazer este trabalho, que deve durar ao menos dois anos, o número de empreiteiras contratadas pela mineradora aumentou, trazendo milhares de trabalhadores.
Não há um número preciso, mas duas empreiteiras consultadas pelo R7, afirmaram ter mais de mil pessoas trabalhando na região. Entretanto, o setor de construção civil e de extração mineral acumulam um saldo de mais de 12 mil vagas criadas em Minas Gerais este ano.
Só para ter uma ideia, a Vale tinha pouco mais de 2.000 funcionários trabalhando na cidade quando estava com todas as suas minas em operação na região.
A dona de um dos cinco pequenos restaurantes do Córrego de Feijão, por exemplo, afirmou faturar mais de R$ 30 mil com refeições servidas para trabalhadores das empresas que estão atuando ali.
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“Após a tragédia, essas obras e esse monte de trabalhadores fez a economia de Brumadinho aquecer, a dúvida é até quando”, diz o empresário Mário Lúcio Fontes.
Na área rural, é fácil identificar os canteiros de obras, a maioria em áreas devastadas pela lama e compradas pela Vale. O R7 contabilizou ao menos oito em um trecho de 5 km.
Além deles, há vários centros de apoio, um centro de processamento de minério, uma estação de tratamento de água e até mesmo uma área onde o material retirado é vasculhado por equipes dos bombeiros para tentar identificar restos mortais das pessoas que ainda constam como desaparecidos.
Inquérito em andamento
A investigação tanto da Polícia Federal, como da Polícia Civil de Minas Gerais, sobre o rompimento da Barragem da mina do Córrego do Feijão em 25 de janeiro, ainda está em andamento e não há indiciados até o momento.
Segundo a Defesa Civil de Minas Gerais, 243 pessoas morreram e ao menos 27 continuam desaparecidas.
Ajuda às vítimas
A Vale afirma que 275 famílias que foram vítimas receberam R$ 100 mil, e que os sobreviventes que moravam em imóveis atingidos pela lama, receberam outros R$ 50 mil.
A Companhia diz ainda que “pessoas que tiveram seus negócios ou produção rural impactados pelo rompimento receberam R$15 mil”.
Além disto, foram feitas doações para a Prefeitura de Brumadinho, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e IML, que ultrapassam os R$ 50 milhões de reais.