Com 91 mil casos de dengue, Minas tem o pior mês de maio da década
Especialista aponta que chuva e temperatura atípicas e maior circulação do vírus tipo 2 podem explicar explosão de casos da doença no Estado
Minas Gerais|Lucas Pavanelli, do R7
Minas Gerais registrou, apenas no mês de maio, 91.378 casos prováveis de dengue, de acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde. Esse é o maior índice para o mês da última década.
Para se ter uma ideia, em 2016, quando Minas viveu a pior epidemia de dengue dos últimos 10 anos, foram registrados pouco mais de 36 mil casos no mês de maio. Em 2013, ano da segunda pior epidemia da década, foram 31.307 casos.
Como afirma a coordenadora do Programa Estadual de Controle das Doenças Transmitidas pelo Aedes da Secretaria de Estado de Saúde, Marcia Ooteman, Minas Gerais viveu três grandes epidemias, nos anos de 2010 (212.502 casos), 2013 (414.719 casos) e 2016 (519.050 casos).
— Esse ano, a gente veio observando uma tendência com relação ao número de casos muito parecida com a da epidemia de 2010. Mas as ocorrências começaram a subir a partir da 12ª semana do ano e não pararam mais. Nós ainda estamos em uma curva ascendente. Percebemos que tivemos um deslocamento da curva epidemiológica em relação aos últimos anos. E a epidemia que achamos que iria seguir o comportamento do ano de 2010, está seguindo a pior epidemia, que é a de 2016.
Justificativa
De acordo com a especialista, alguns fatores podem explicar a maior incidência de casos no mês de maio: chuvas e altas temperaturas atípicas para o mês e a maior circulação de um sorotipo da doença menos comum no Estado.
Com relação às chuvas, a média histórica para Belo Horizonte, por exemplo, é de 28 mm para todo o mês de maio. No entanto, todas as regiões da capital mineira registraram índices superiores a esse. Na região do Barreiro, que concentra o maior registro de casos na cidade, foram 70,2 mm, um volume 250% maior que o de costume.
"Estamos entrando no mês de junho e ainda temos temperatura alta e chuva. E isso é um clima favorável para a proliferação do vetor", explica Marcia Ooteman.
Outro fator que também pode ajudar a explicar a explosão de casos no mês de maio em todo o Estado é a circulação do sorotipo 2 da dengue. Historicamente, a dengue tipo 1 é a que tem maior incidência em Minas Gerais, embora outros três tipos tenham sido identificados no território mineiro.
— As pessoas são mais suscetíveis ao sorotipo 2 da dengue porque ele não circulou tanto nos últimos anos. A dengue tipo 2 foi identificada em 25 das 28 regionais de saúde do Estado. Somente nas regionais de Barbacena, Manhumirim e Pedra Azul não houve registros desse sorotipo e, essas são regiões com menor incidência da dengue.
Controle
Segundo a coordenadora do Programa Estadual de Controle das Doenças Transmitidas pelo Aedes da Secretaria de Estado de Saúde, Marcia Ooteman, o Governo do Estado vêm adotando algumas medidas para minimizar os efeitos da dengue.
Uma delas foi o decreto de situação de emergência em saúde pública, assinado em 23 de abril. A medida permite liberação mais rápida de recursos a municípios que enfrentam epidemia da doença.
— Vamos manter os repasses até o final de junho e criamos uma força-tarefa para atendimento nos municípios mais afetados. Fizemos uma resolução ampla para que as prefeituras pudessem utilizar os recursos conforme as suas necessidades. Tem municipio que precisa usar esse dinheiro com mobilização, outro com contratação de agentes de endemias, médicos, funcionários de laboratórios. Pode ser usado também para pagamento de hora extra de profissionais de saúde ou mobilização social e comunicação, por exemplo.
Casos
Até o momento, a Secretaria de Estado de Saúde já confirmou 67 mortes em decorrência da doença em Minas. Outros 115 óbitos ainda estão sendo investigados e podem estar relacionados à dengue.
Desde o início do ano já são 372 mil casos prováveis da doença e 251 municípios mineiros tem incidência muito alta ou alta da doença.