Minas Gerais CPI da Cemig ouve empresário sobre nomeação de presidente

CPI da Cemig ouve empresário sobre nomeação de presidente

Sócio de empresa contratada para escolher presidente da Cemig presta depoimento; contrato foi assinado após nomeação

Empresa com sede em São Paulo foi escolhida para selecionar presidente da Cemig

Empresa com sede em São Paulo foi escolhida para selecionar presidente da Cemig

Reprodução/Google Maps

O processo de nomeação do atual presidente da Cemig, Reynaldo Passanezi Filho, entra, novamente, nos holofotes da CPI da Cemig, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, nesta segunda-feira (27). O colegiado vai ouvir, na condição de testemunha, o sócio-administrador da Exec Consultoria em Recursos Humanos Ltda., Carlos Eduardo Altona. 

A empresa "headhunter" foi a responsável por um processo seletivo que resultou na nomeação do atual presidente da estatal. No entanto, a contratação da Exec foi feita sem licitação e a escolha da empresa foi feita por um dirigente do partido Novo, que nada tem a ver com a companhia energética. 

Em abril, o R7 revelou que a Cemig realizou uma série de "manobras" para dar ares de legalidade a um pagamento de R$ 170 mil à empresa de Recursos Humanos. Para se ter uma ideia, Passanezi Filho, selecionado pela Exec para assumir o cargo já estava à frente da Cemig há 39 dias quando o contrato para o início do serviço pela empresa de RH foi assinado. 

Pelas regras da Cemig, companhia de economia mista, a prerrogativa da indicação do presidente é do governador de Minas Gerais, mas o partido de Romeu Zema (Novo) preferiu optar por um processo de seleção de um executivo, por meio da empresa Exec. Com o serviço já prestado, a Cemig fez um contrato para justificar o pagamento dos serviços e autorizou a "inexigibilidade de licitação" para explicar a contratação sem a necessidade de realizar uma concorrência. 

Negociação

O primeiro contato com a Exec Recursos Humanos Ltda., foi feito por um dirigente do partido Novo, que atuou em nome da Cemig, mesmo não tendo vínculo formal com a empresa. A reportagem teve acesso a um documento datado de 28 de novembro de 2019, em que a Exec enviou uma proposta para o partido no valor de R$ 170 mil para realizar a seleção de um executivo com perfil para assumir a companhia mineira.

Menos de dois meses depois, em 13 de janeiro de 2020, o nome do economista Reynaldo Passanezi Filho foi aprovado pelo Conselho de Administração da Cemig. Uma semana depois, o presidente chefiou uma reunião que analisou uma Proposta de Deliberação que autorizava a contratação da Exec por inexigibilidade de licitação. A "manobra" foi aprovada pelos presentes.

Passanezi Filho assinou o documento que autorizou a empresa comandada por ele a pagar pelo processo de seleção que culminou na sua própria contratação.

No dia seguinte, com a aprovação da proposta, o gerente de Provimento e Desenvolvimento de Pessoas, Rômulo Provetti, autorizou que a empresa desse início a um processo administrativo para a contratação da Exec. Um parecer jurídico deu ares de legalidade ao processo e justificou a necessidade de contratação por meio direto, sem exigência de um processo de licitação.

A contratação da Exec pela Cemig foi oficializada no mesmo dia da assinatura deste documento, em 21 de fevereiro de 2020. O contrato assinado pelas partes, no entanto, cita que o serviço começou a ser prestado em 28 de novembro de 2019, data em que o dirigente do partido Novo havia recebido a proposta da empresa.

Outro lado

Na época, a Cemig não respondeu ao pedido de posicionamento da reportagem. No entanto, ao longo da CPI, a companhia tem negado veementemente as denúncias de irregularidades envolvendo tanto a nomeação do presidente como diversos outros contratos assinados durante a atual gestão - entre eles com a IBM, Kroll e uma série de escritórios de advocacia. 

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