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Crimes de racismo e injúria racial têm redução de 15% em Minas

Levantamento feito pelo R7 junto à Secretaria de Estado de Justiça leva em consideração números de casos registrados nos últimos dois anos

Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7

"Olhar a sua cor", disse torcedor a um segurança
"Olhar a sua cor", disse torcedor a um segurança

Minas Gerais registrou queda de 14,9% no número de ocorrências de racismo e injúria racial entre os nove primeiros meses deste ano, em comparação com o mesmo período 2017.

Dados da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública) mostram que entre janeiro e setembro deste ano foram registradas 294 ocorrências desses dois tipos de crimes, contra 345 de 2017. A redução também foi percebida se compararmos com o números obtidos em 2018, quando 313 pessoas foram alvo de algum tipo de ataque por questões raciais.

Apesar da redução no número de registros, casos envolvendo preconceito racial ainda chamam atenção no Estado, nas mais diferentes áreas. Apenas na última semana, ao menos três ocorrências registradas em Belo Horizonte ganharam destaque no notíciário nacional. 

Elisângela denuncia vaga que vetava "negras e gordas"
Elisângela denuncia vaga que vetava "negras e gordas"

Em uma delas, a denúncia partiu da cuidadora de idosos Elisângela Carlos Lopes, de 41 anos, que procurou a polícia após receber o anúncio de uma vaga de emprego que, além de apresentar os salário, colocava uma restrição para as candidaturas: as interessadas não poderiam ser "gordas e negras".


Elisângela lembra que passou uma semana turbulenta após fazer a denúncia. O conflito interno batia à porta com as mensagens de reprovação de seu comportamento que foram enviadas por colegas de trabalho. Apesar do sufuco de até mesmo passar dias sem se alimentar, a mulher revela que foi positivo ter enfrentando o medo e a insegurança para denunciar o caso.

— Eu falei algo que me machucava há muito tempo. Mesmo que não mude as pessoas agora, vai mudar para os meus filhos e colegas no futuro.


De acordo com Polícia Civil, os envolvidos na caso denunciado pela cuidadora podem responder por crime de racismo, já que a mensagem impede toda uma comunidade de participar do processo seletivo por questão de cor e característica física. Só deste tipo de infração, foram registradas 73 ocorrências nos nove primeiros meses deste ano.

Segundo a Sejusp, já os crimes de injúria racial, que são aqueles que ocorrem quando uma pessoa específica é ofendida em razão de raça, etnia, cor ou religião, foram praticados ao menos 221 vezes entre janeiro e setembro. Em 2018, foram recebidoas 230 noticações.


Um exemplo de caso classificado como de injúria racial é o do segurança que foi alvo de ataques de torcedores durante uma partida entre Cruzeiro e Atlético, no estádio Mineirão. Em deteminado momento do jogo, uma confusão generalizada se instaurou no local e o vigia recebeu ofensas de torcedores do Atlético Mineiro. "Olha sua cor", disse um deles.

A Polícia Civil instaurou inquéritos para apurar os casos e as investigações devem ser concluídas nas próximas semanas. Mesmo com a indicação do Governo sobre a redução do número de casos, nesta quarta-feira (20), Dia da Consciência Negra, Elisângela defende que o tema deve ser mais debatido e lamenta a cor das pessoas ainda seja motivo para difenciação.

— Eu não posso refazer o tom da minha pele, por isto me senti ofendida ao ver uma vaga de emprego que restringia mulheres "negras e gordas". Isso não pode mais acontecer.

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