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'Deixou bandeja no refeitório e lama desceu', relata irmã de desaparecida

Cinco dias depois da tragédia em Brumadinho, familiares enfrentam dificuldades para encontrar notícias sobre parentes e amigos sumidos

Minas Gerais|Robson Machado, especial para o R7

Em destaque, no centro, Juliana Lopes, desaparecida
Em destaque, no centro, Juliana Lopes, desaparecida Em destaque, no centro, Juliana Lopes, desaparecida

Após cinco dias do desastre com a barragem da Vale, na região do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), mais de 270 pessoas continuam desaparecidas. O drama que comove o Brasil e o mundo é ainda mais angustiante para familiares e amigos de vítimas não localizadas.

De acordo com a última atualização, 99 corpos foram encontrados. O número muda a todo instante, à medida que as buscas avançam. Nesta reportagem exclusiva, o R7 revela alguns rostos provavelmente encobertos pela lama. Também registra a dor de quem segue sem nenhuma informação sobre pessoas que desapareceram no meio da avalanche de rejeito.

“O último contato dela com a gente aqui de casa foi por volta das 11h (de sexta-feira, 25), com a irmã, ao telefone. E a última visualização do WhatsApp foi às 12h27”. O relato é de Pedro Carvalho, ao se referir à cunhada, Juliana Lopes, uma das funcionárias da Vale desaparecida na tragédia.

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Juliana tem 27 anos de idade, mora com a irmã, o cunhado, o pai e dois sobrinhos em Brumadinho (MG) e trabalhava no setor administrativo da Vale. O xodó da jovem é o sobrinho e afilhado Eduardo, de apenas 4 anos de idade. “Ele tem perguntado pela tia constantemente. Quando aconteceu o problema [rompimento da barragem], ele se assustou porque a mãe começou a chorar. Daí eu disse que iria buscar a tia dele”, explica o cunhado.

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Pedro foi um dos primeiros a chegar no local do desastre, mas voltou para casa sem a cunhada. Até agora, a família não recebeu nenhuma informação sobre Juliana Lopes.

Situação semelhante vive Karine Naiara. Ela é irmã de Natália Fernanda da Silva Andrade, 32 anos, analista de infraestrutura da Vale, em Brumadinho — também entre as quase 260 vítimas desaparecidas.

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“No dia do acidente, a última pessoa [da família] a fazer contato com ela foi a nossa mãe, às 12h17. Um tio do marido dela nos contou que esteve com ela no restaurante [da Vale] minutos antes do acidente. Ele disse que ela colocou a bandeja no restaurante e seguiu em direção à área administrativa, local em que trabalhava. Ele foi para outro lado e, logo em seguida, viu a lama descendo. Ele correu e conseguiu sobreviver, mas da minha irmã não temos notícias além dessas”, revela Karine.

Para superar o drama, a família de Natália tem buscado forças na fé em Deus. “Somos cristãos e sabemos para onde a Natália foi. Isso nos conforta! A Natália amava a Deus e as pessoas mais que a tudo”, conclui a irmã de uma das vítimas da tragédia.

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Além da dor enfrentada diante da possível perda, os familiares das vítimas têm enfrentado dificuldades para conseguir qualquer tipo de informação. Inicialmente, a orientação era recorrer à Estação do Conhecimento. Mas parentes e amigos de desaparecidos afirmam que as poucas informações obtidas no local quase sempre são desencontradas.

Enquanto isso, permanece o drama das famílias das 259 vítimas da tragédia de Brumadinho ainda desaparecidas. Histórias interrompidas por um mar de lama. Histórias de pessoas como Juliana, Natália, Everton, Fernanda, Letícia, Wallisson, Luciano, Eudes, Miramar, Evandro, Rosália, Renato, Hernane, Angelita... Uma dor que parece não ter fim.

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