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Em 15 anos, empresa dos Perrella levou R$ 476 mi do Governo de MG

Stillus Alimentação é principal fornecedora de marmita para presidiários no Estado; empresa é investigada por formação de cartel e lavagem de dinheiro

Minas Gerais|Lucas Pavanelli, do R7, com Ezequiel Fagundes, da RecordTV Minas

Alvimar Perrella, à direita e de camisa preta, se reúne com dirigentes do Cruzeiro
Alvimar Perrella, à direita e de camisa preta, se reúne com dirigentes do Cruzeiro

Investigada por formação de cartel e de quadrilha, fraude à licitação e lavagem de dinheiro, a Stillus Alimentação, empresa que fornece quentinhas para presidiários recebeu, nos últimos 15 anos, R$ 476 milhões do Governo de Minas Gerais. Em valores corrigidos pela inflação, a empresa abocanhou R$ 626 milhões em contratos com o Executivo mineiro desde 2004.

Os donos da Stillus Alimentação são os empresários Alvimar Perrella (irmão do ex-presidente do Cruzeiro Zezé Perrella) e José Maria Fialho, ambos ex-dirigentes do time celeste. 

Entre 2004 e 2019, cinco governadores passaram pelo palácio da Liberdade e, em todos os mandatos, a Stillus seguiu com contratos para continuar fornecendo alimentação para as penitenciárias mineiras.

A história da relação da empresa alimentícia com a administração estadual começa em 2004, quando o governador era Aécio Neves (PSDB), aliado político da família Perrella. Naquela ano, o valor transferido para a empresa foi de R$ 1,4 milhão. No último ano da gestão Aécio, em 2010, o Governo pagou R$ 25,1 milhão à Stillus - ou seja, um aumento de 1.692%.


Durante as gestões de Antonio Anastasia (PSDB) e Alberto Pinto Coelho (Progressistas), os contratos se mantiveram, com valores acima dos R$ 30 milhões. 

Nem a troca de governo em 2015, quando o petista Fernando Pimentel passou a ocupar a administração de Minas fez com que os contratos com a Stillus fossem interrompidos. Ao contrário, foi durante o mandato de Pimentel que a empresa mais ganhou: foram R$ 210 milhões pagos à empresa entre 2015 e 2018.


Sob a gestão de Romeu Zema (Novo), R$ 35,9 milhões já foram pagos à Stillus e dois novos contratos assinados. O primeiro deles, em 26 de março, no valor de R$ 76,6 mil prevê o fornecimento de alimentação para militares presos em um batalhão de Diamantina, a 295 km de Belo Horizonte. O segundo, homologado em abril, destina R$ 19,3 milhões para presídios de quatro municípios na região do Vale do Aço.

Sede da Stillus Alimentação fica no bairro Carlos Prates, em Belo Horizonte
Sede da Stillus Alimentação fica no bairro Carlos Prates, em Belo Horizonte

Investigação


Em 2014, dez anos após o primeiro contrato da Stillus com o Governo de Minas, o Ministério Público denunciou Alvimar Perrella, José Maria Fialho e outras 15 pessoas físicas e jurídicas por formação de quadrilha, cartel, fraude de licitação e lavagem de dinheiro.

Segundo a denúncia, empresários do ramo alimentício combinavam preços, valores e condições que ofereceriam nas licitações da Secretaria de Estado de Defesa Social. Essa prática é conhecida como cartel. Segundo o MP, o esquema era feito para atender aos interesses da Stillus.

Processo corre na Justiça em BH
Processo corre na Justiça em BH

Processo lento

Apesar de o processo tramitar na Justiça em Belo Horizonte desde 2014, foi somente em setembro deste ano que o último réu foi encontrado e, dessa forma, notificado oficialmente. Os acusados sequer prestaram depoimentos em juízo e o julgamento ainda está longe do encerramento.

Durante o processo, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 80 milhões em bens de todos os réus. O valor é o que está em suspeita nos contratos de licitações que teriam sido fraudadas, de acordo com o MP. O suposto esquema contou com o envolvimento de servidores públicos que, conforme a denúncia do Ministério Público, recebiam ingressos para jogos, brindes, presentes e convites para acompanhar a delegação do Cruzeiro.

Outro lado

Em outubro de 2014 os réus apresentaram defesa prévia por escrito às acusações feitas pelo Ministério Público. O advogado de Alvimar Perrella, José Maria Fialho e a empresa Stillus Alimentação contestou o processo alegando que a ação do MP é baseada numa ilação sem provas em relação a acusação de formação de cartel, uma vez que os sócios das empresas investigadas não são os mesmos.

A Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) disse que "todos os contratos firmados com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) obedecem à legislação e são remetidos aos órgãos de controle, não sendo eles objeto de investigação". 

A reportagem também entrou em contato com os advogados da Stillus, mas até o momento, não recebeu uma resposta.

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