Em duas semanas, deslocamento em estrutura da Vale aumenta 500%

A movimentação no talude da mina Gongo Soco, da Vale, em Barão de Cocais, a 93 km de Belo Horizonte, não para de aumentar. Nos últimos quinze dias – período em que a falha na estrutura se tornou conhecida – o deslocamento registrado teve crescimento de cerca 500%, saltando de 4 para 21 centímetros ao dia.

Segundo um relatório de monitoramento da mineradora divulgado na manhã desta segunda-feira (27), a movimentação de 21 centímetros foi percebida nas áreas mais críticas da estrutura. Os dados também mostram que na porção inferior da área, a velocidade de deformação diária é de 17,8 centímetros.

Um documento enviado pela Vale ao MPMG (Ministério Público de Minas Gerais), no dia 15 de maio, garante que o talude vai cair. A situação deixa os moradores de Barão de Cocais em alerta, uma vez que, segundo a mineradora, não é possível prever se a vibração provocada pelo deslocamento vai abalar a barragem Sul Superior, que fica a 1,5 km de distância.

A previsão da empresa era de que o talude norte desmoronasse até este sábado (25). Contudo, os cálculos não se concretizaram e a população aguarda um desfecho para a história.

Em entrevista ao R7 na última semana, Wagner Nascimento, chefe da divisão de segurança de barragens de mineração da Agência Nacional de Mineração em Minas Gerais, explicou que é garantida a queda do talude, mas não se sabe como barragem pode ser afetada, uma vez que isso depende da velocidade do deslocamento da estrutura.

— A queda do talude é inevitável. Mas não se sabe se a vibração vai abalar a barragem Sul Superior.

O que é um talude?

Os taludes são superfícies inclinadas, como grandes paredes, que servem para conter um terreno ou delimitar a massa de materiais como rocha, minério e lixo. No caso da mina Gongo Soco, a estrutura está no entorno de um lago de água represada.

Para reduzir os problemas causados por um possível rompimento, a Vale adotou uma série de medidas, como:

• Retirar os moradores das casas que seriam atingidas pelos rejeitos em até uma hora;

• Sinalizar a cidade com faixas laranjadas, que indicam áreas que seriam inundadas;

• Iniciar a construção de uma barreira de contenção para tentar deter a lama e reduzir a velocidade de deslocamento, em caso de estouro da barragem;

• Monitorar a mina remotamente 24 horas por dia.