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Empresas de ônibus de BH têm dívida bilionária com o poder público

Apesar do débito, as companhias foram beneficiadas pelo repasse de subsídios, que termina nesta sexta-feira (31)

Minas Gerais|Rosildo Mendes, da Record TV Minas


Empresas têm dívida ativa com os governos municipal, estadual e federal
Empresas têm dívida ativa com os governos municipal, estadual e federal

As empresas de ônibus que operam o sistema de transporte de Belo Horizonte têm uma dívida bilionária com o poder público. O débito das companhias ainda atuantes chega a R$ 1,9 bilhão. Já entre as empresas que abriram falência, o montante é de ao menos R$ 1,8 bilhão. Juntas, elas devem mais de R$ 3,7 bilhões.

NOTA: a reportagem errou ao informar que a dívida das empresas é de mais de R$ 30 trilhões, o que superaria a fortuna do homem mais rico do mundo. Os dados foram corrigidos às 17h45 desta sexta-feira (31).

A dívida ativa das empresas é decorrente da falta de pagamento de:

tributos municipais: IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana) e ITBI (Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis);

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tributos estaduais: IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) e ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços);

tributos federais: débitos previdenciários e trabalhistas e FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

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As dívidas ainda não incluem as multas aplicadas pelos agentes da Superintendência de Mobilidade do Município de Belo Horizonte (Sumob), pelos descumprimentos contratuais e pela precariedade dos coletivos.

As informações sobre as dívidas foram obtidas a partir do cruzamento de dados fornecidos pela prefeitura de Belo Horizonte, pelo governo do estado e pelo portal da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN).

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Paulo Studart, advogado especialista em direito público, defende uma maior fiscalização por parte do poder público.

“É papel do governo fiscalizar o pagamento dos impostos e tributos sob pena de as empresas perderem a concessão do serviço. Se a prefeitura não fiscaliza, Ministério Público e Tribunal de Contas devem fiscalizar também. Por fim, quem é lesado é o consumidor, que paga mais e não vê o retorno de taxas e impostos em melhorias sociais”, diz.

Subsídios

Apesar das dívidas, todas as empresas foram beneficiadas pelo repasse dos subsídios, que termina nesta sexta-feira (31).

Na última segunda-feira (27), o projeto de lei 464/2022, que busca estender o subsídio concedido pelo município às concessionárias de transporte coletivo, foi considerado inconstitucional pela CLJ (Comissão de Legislação e Justiça), da Câmara de Vereadores. A orientação é de arquivamento da proposta, caso não haja, em até cinco dias, a apresentação de um recurso contrário à decisão.

Atualmente em tramitação em primeiro turno, o projeto pretende autorizar a ampliação do subsídio às concessionárias do serviço de transporte público coletivo e aos permissionários do serviço suplementar.

A lei 11.367, que criou o benefício em julho do ano passado, definiu o valor de até R$ 237,5 milhões, a ser pagos entre os meses de abril de 2022 e março de 2023. Com a nova proposta, haveria a prorrogação do subsídio emergencial, até abril deste ano, com o valor adicional de R$ 40 milhões. 

Na avaliação do vereador Irlan Melo (Patriota), relator do texto na CLJ, o projeto de lei não atende ao princípio constitucional de legalidade, ao tentar incluir outro subsídio além do valor máximo definido anteriormente, o que extrapola os limites da autorização legislativa, que determinava o fim desse aporte em março de 2023.

“Em um processo de licitação, é lei que o licitante comprove que tem como realizar o serviço e pagar taxas e tributos. As empresas podem alterar tarifas para cobrir custo, mas, quando há o repasse do subsídio, o poder público tem que cobrar porque o valor não está dando e porque as empresas não pagam os tributos e taxas mesmo recebendo repasse”, explica o advogado Paulo Studar.

A reportagem procurou a prefeitura de Belo Horizonte e o Setra (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros) e aguarda o retorno. Questionada, a Secretaria da Fazenda de Minas Gerais informou as dívidas de IPVA de 2021 e 2022 referentes à frota de ônibus de empresas de transporte.

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