Enfermeiros de BH protestam pelos 98 colegas vítimas da covid no Brasil
Colocando cruzes em monumento da capital mineira, profissionais homenagearem mortos no Brasil e reivindicaram valorização salarial
Minas Gerais|Luíza Lanza*, do R7
No dia internacional da Enfermagem, enfermeiros de Belo Horizonte realizaram, na tarde desta terça-feira (12), um ato na Praça Sete, no centro da capital, para protestar por melhores condições de trabalho. No ato, eles homenagearam os 98 profissionais da área, que morreram vítimas da pandemia do novo coronavírus no Brasil.
Na linha de frente do combate ao vírus e expostos a maior risco de contaminação, os profissionais da enfermagem da cidade lutam pela valorização e reconhecimento das carreiras. Durante a pendemia, cerca de 90% dos trabalhadores estão recebendo um adicional de insalubridade de R$ 71,70 mensais. O benefício é de R$ 3,58 por dia.
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A vice-predisente do Sindibel (Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos de Belo Horizonte), Ilda Alexandrino, explica que o valor não faz juz aos riscos que corre a categoria.
— O valor do adicional de insalubridade, além de não corresponder à justa retribuição ou compensação pelos riscos aos quais estes profissionais da saúde estão expostos, ficou sem o reajuste integral da inflação por cerca de 11 anos ou no período de 2007 a 2019, recebendo apenas um reajuste de 2,53% no ano de 2018 contra uma inflação acumulada de 105%.
De acordo com Hudirley Ruela, enfermeiro e diretor do SINDIBEL, a manutenção do pagamento reflete desvalorização da categoria.
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— Se comparado com o setor privado, os profissionais da saúde recebem o adicional de insalubridade correspondente a 10%, 20% e 40% do salário mínimo vigente. Portanto, os servidores da saúde não vêm recebendo a título de adicional de insalubridade valor condizente com importância e complexidade do seu trabalho, que tem como finalidade precípua cuidar das pessoas e salvar vidas, principalmente, as mais carentes.
O SINDIBEL informou que está solicitando à Prefeitura de Belo Horizonte que o adicional de insalubridade seja calculado conforme o salário base do profissional. O sindicato quer, ainda, que durante a pandemia o pagamento aos funcionários siga o grau máximo previsto, de 40%.
Números
De acordo com o Observatório da Enfermagem do Cofen (Conselho Federal de Enfermagem), dos 98 profissionais mortos no Brasil, 25 são enfermeiros, 56 técnicos e 17 auxiliares de enfermagem; em sua maioria mulheres. Ao todo, 13.522 casos suspeitos foram reportados, sendo 3.872 diagnósticos confirmados.
O número de casos já é maior do que, por exemplo, nos Estados Unidos, país mais atingido pela pandemia do novo coronavírus no mundo e que contabiliza 91 mortes de profissionais da enfermagem. Em todo o mundo, 260 profissionais morreram, de acordo com levantamento da National Nurses United (NNU).
Em Minas Gerais, são 436 casos reportados e uma morte, de uma profissional de enfermagem de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, que trabalhava em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da cidade e em um hospital na capital mineira. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, em BH, pelo menos 67 profissionais da saúde contraíram o vírus e 44 casos estão em investigação.
*Estagiária do R7 sob a supervisão de Lucas Pavanelli