Estrutura de mina da Vale em MG teve movimentação de 4 cm por dia
Mineradora acionou a Defesa Civil para alertar sobre o deslocamento do talude que fica a 1,5 km da barragem de Barão de Cocais (MG)
Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7
A Defesa Civil de Minas Gerais informou, nesta quarta-feira (15), que a Vale registrou uma movimentação de cerca de 4 centímetros por dia na estrutura da mina Gongo Soco, que deixou a população em alerta nesta semana.
O deslocamento foi registrado em um talude, que é uma espécie de muro inclinado que serve para garantir a estabilidade do terreno. A estrutura está a 1,5 km da barragem Sul Superior.
Assim, de acordo com o tenente-coronel Flávio Godinho, subcoordenador da Defesa Civil, não é possível saber se uma possível queda do talude poderia afetar a barragem.
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— Se acontecer qualquer coisa no talude, ele vai carrear para dentro da cava. A barragem está à frente. A cava é um local aberto, bem grande, ele cairia e integraria ao ambiente. Não há como precisar a força e quantidade de material que carrearia para dentro da cava.
Ainda segundo Godinho, o descolamento foi percebido pelo equipamento de monitoramento da Vale. Depois disso, a empresa acionou a Defesa Civil, nesta segunda-feira (13), alertando sobre a possibilidade de haver mais movimentações.
No final de março, o nível de alerta da barragem Sul Superior foi elevado a 3, o maior na escala. Devido ao risco de rompimento da estrutura, os moradores de casas que seriam atingidas nos primeiros minutos pela lama foram levados para hotéis e imóveis alugados pela Vale.
Procurada, a mineradora ressaltou que monitora a situação no local, mas não comentou a movimentação de quatro centímetros que foi registrada.
Veja a íntegra da nota da Vale:
"Equipes da Vale identificaram movimentação no chamado talude Norte, na cava da mina Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG), paralisada desde 2016.
A Vale está avaliando as possibilidades de eventuais impactos sobre a barragem Sul Superior, distante aproximadamente 1,5km da área do talude. As autoridades competentes foram envolvidas para também avaliarem a situação e, em caso de necessidade, definirem as medidas preventivas a serem tomadas. A cava e a barragem são monitoradas 24h.
A barragem Sul Superior está em nível 3 desde 22 de março e a Zona de Autossalvamento (ZAS) já havia sido evacuada preventivamente em 8 de fevereiro. Todas as medidas preventivas para este cenário já foram tomadas, incluindo a realização de simulados de emergência com moradores da Zona de Segurança Secundária (ZSS). Também em março, a Defesa Civil e a Vale equiparam a ZSS com sinalização das rotas de fuga. Foram implantados pontos de encontro que funcionam 24h com equipes preparadas para o pronto atendimento à população.”
Veja mais detalhes sobre a barragem: