Ex-prefeito Antério Mânica é julgado por envolvimento na Chacina de Unaí
Ele também é apontado como um dos mandantes do crime
Minas Gerais|Do R7
O ex-prefeito de Unaí, no noroeste de Minas Gerais, Antério Mânica (ex-PSDB) começou a ser julgado nesta quarta-feira (4) em Belo Horizonte. Ele é apontado como um dos mandantes da "Chacina de Unaí", que ocorreu em 2004. Outros dois réus - Norberto Mânica e José Alberto de Castro - foram condenados na semana passada pelo mesmo crime.
Antério Mânica chegou à sede da Justiça Federal por volta de 8h. Ele entrou pela porta da frente sorrindo e acompanhado de seus advogados e não quis conversar com a imprensa. O julgamento teve início por volta de 9h e é presidido pelo juiz federal Murilo Fernandes de Almeida.
Leia mais notícias de Minas Gerais no Portal R7
Experimente grátis: todos os programas da Record na íntegra no R7 Play
A previsão é que o julgamento do réu dure até a próxima sexta-feira (6). Pelo menos 15 testemunhas da acusação serão ouvidas, além das de defesa.
Além de Noberto e José Alberto de Castro, condenados a 100 e 96 anos de prisão, respectivamente, os executores da chacina, Erinaldo Vasconcelos Silva, Rogério Allan Rocha Rios e Willian Gomes de Miranda, já cumprem pena pelos crimes. Eles foram julgados e condenados pelo Tribunal do Júri Federal em setembro de 2013, com penas que foram de 56 a 94 anos de prisão. Um dos acusados teve o processo extinto e um dos intermediadores morreu na cadeia em 2013.
Relembre o caso
Em 28 de janeiro de 2004, os três fiscais do Trabalho Eratóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares e Nelson José da Silva e o motorista Aílton Pereira de Oliveira foram mortos a tiros em uma emboscada em uma estrada de terra, próxima de Unaí, na região Noroeste do Estado. Na ocasião, as vítimas fiscalizavam denúncias de trabalho escravo e diversas irregularidades trabalhistas nas propriedades rurais dos empresários, que devido ao poder econômico são conhecidos como "reis do feijão".
O carro do Ministério do Trabalho foi cercado por homens armados, que mataram os fiscais à queima-roupa, ainda atados aos cintos de segurança.
Segundo o MPF, Antério teria ligado para o local de trabalho dos fiscais para confirmar a morte antes que o crime se tornasse conhecido e, em outra ligação, teria perguntado se um dos servidores estava no local para receber flores. A acusação ainda aponta ligações telefônicas entre os réus no dia do crime e o testemunho do réu William Gomes que coloca Antério Mânica em um Marea dizendo que "pode matar todo mundo".