Queda de barragem em minas

Minas Gerais “Foi estarrecedor”, lembra bombeiro ao sobrevoar barragem de Mariana

“Foi estarrecedor”, lembra bombeiro ao sobrevoar barragem de Mariana

Capitão que ajudou no resgate de vítimas da barragem de Fundão visitou a área atingida após 4 anos da tragédia; militar escreveu livro sobre operação

  • Minas Gerais | Pablo Nascimento, do R7

Bombeiro se emocionou ao sobrevoar área atingida

Bombeiro se emocionou ao sobrevoar área atingida

Dudu Barbatti / Record TV Minas

No final da tarde do dia cinco de novembro de 2015, o então tenente Leonard Farah, do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, estava na sede do Batalhão de Emergências Ambientais e Respostas a Desastres quando recebeu mensagem de um colega de corporação informando sobre o rompimento de uma barragem de minério em Mariana, a 110 km de Belo Horizonte.

De imediato, uma equipe seguiu por terra até à cidade e Farah foi de helicóptero para o local. O hoje capitão dos bombeiros conta que só teve dimensão da situação após a aeronave passar uma cadeia de montanhas da região. “Foi estarrecedor”, lembrou o militar durante conversa com o R7, nesta segunda-feira (4), véspera da data que marca os quatro anos da tragédia.

Neste fim de semana, Farah sobrevoou com a equipe da Record TV Minas a área por onde a lama de rejeitos percorreu. Esta foi a primeira vez após dois anos que o bombeiro voltou à cidade que foi palco do desastre. Apesar do tempo decorrido, o militar contou ao comandante Eduardo Barbati, do helicóptero da emissora, que as lembranças seguem frescas na memória.

— A gente nunca viu uma nuvem tão densa e alaranjada de poeira. Quando passamos uma cadeia de montanhas, o helicóptero ficou completamente tomado por esta nuvem.

À frente da aeronave em que Farah estava havia outro helicóptero do Corpo de Bombeiros. O capitão lembra que em determinado momento percebeu que o avião dos colegas estava perdendo altitude, o que causou bastante aflição na equipe.

— Eu pensei que ele tinha caído. Mas conseguimos fazer contato com a aeronave e eles nos disseram que perderam sustentação devido à poeira e que, por isto, não deveríamos tentar pousar ali.

Após ser tranquilizada com as informações dos colegas, a equipe que estava com Farah decidiu passar à frente da lama que seguia a caminho do rio Doce e a aeronave pousou no distrito de Paracatu de Baixo, também atingido pelo rejeito. Lá, os militares percorreram as ruas da comunidade avisando aos moradores sobre o colapso. No momento, a lama ainda não havia chegado no povoado.

— Foi um raciocínio rápido de não pousar e acompanhar a lama, e sim, descer a aeronave em Paracatu de Baixo. Até então, nós sabíamos que tínhamos conseguido tirar os moradores de lá. Só depois soubemos que deu certo.

Até ali, o bombeiro também não sabia que o derramamento dos quase 50 milhões de metros cúbicos de rejeito iria causar a morte de 19 pessoas, deixar centenas de famílias desabrigadas e causar a poluição do rio Doce até seu encontro com o oceano Atlântico, no Espírito Santo.

Agora, o militar relata suas lembranças nas páginas do livro “Além da Lama”, que será lançando nesta terça-feira, no auditório da Faculdade de Direito da UFMG (Universidade Federal de Belo Horizonte), às 19h30, na região Central da capital mineira. Na obra, o bombeiro relata detalhes da operação de resgate e destaca o esforço de toda equipe no trabalho.

— Não é uma história do Farah. É uma história de homens e mulheres comuns que fizeram coisas extraordinárias.

Assista ao voo que o capitão fez sobre a área atingida após quatro anos:

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