“Indigno de receber herança” afirma representante da OAB sobre filho que matou a própria mãe em BH
Pai da professora Soraya Tatiana Bonfim França conseguiu uma decisão judicial que impede que o neto tenha acesso aos bens deixados por ela
Minas Gerais|Túlio Lopes, do R7 Minas

O pai da professora Soraya Tatiana Bonfim França, assassinada em julho deste ano em Belo Horizonte, conseguiu uma decisão judicial que impede, de forma provisória, que o filho único da vítima, Matteos França Campos, acusado do crime, tenha acesso aos bens deixados por ela. A advogada da Ordem dos Advogados Seção Minas Gerais (OAB-MG), Michelle Higino, informou que Matteos é “indigno de receber diante das provas do crime”.
A decisão foi concedida em 29 de agosto pelo juiz Antônio Leite de Pádua, da 4ª Vara de Sucessões de Belo Horizonte, no âmbito da ação de exclusão de herdeiro por indignidade, movida pelo pai da professora. A advogada Michelle Higino comentou que “a decisão foi correta para vedar a transferência de bens da professora” e que os bens agora devem ser transferidos para outros parentes, como para os pais da professora.
Na decisão, o magistrado destacou que “diante dos indícios da prática de feminicídio, bem como a possibilidade dos bens serem partilhados ao herdeiro indigno, a concessão da tutela de urgência é medida que se impõe”. Com isso, Matteos está impedido de se apossar, usufruir, administrar ou se beneficiar de qualquer parte do patrimônio deixado pela mãe até que o processo seja concluído.
O acusado ainda não foi citado formalmente para apresentar defesa. A intimação será enviada à comarca de Caeté, na Grande BH, onde ele está preso preventivamente.
Após o prazo para contestação, o processo será encaminhado ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que deverá se manifestar antes de uma decisão definitiva sobre a exclusão do herdeiro.
Quem era a vítima
Soraya Tatiana Bonfim França tinha 56 anos e era professora de História em um colégio tradicional da capital mineira. Conhecida como “Tia Tati”, a professora lecionava para alunos do 7º e 8º ano. Amigos e colegas de Soraya a descrevem como uma pessoa bondosa e reservada.
Morte da professora
De acordo com a investigação, Matteos enforcou a mãe, a professora Soraya Tatiana Bonfim, dentro do apartamento onde os dois moravam, no bairro Santa Amélia, na região da Pampulha, na capital mineira, em um momento em que, segundo ele, “perdeu o controle”. Os dois teriam tido uma discussão porque Matteos teria contraído dívidas por conta de envolvimento com jogos de azar.
Ocultação do corpo
Após o assassinato, o homem colocou o corpo da mãe no carro da própria vítima e seguiu pela rodovia MG-10 até a cidade de Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte. A mulher foi encontrada debaixo de um viaduto às margens da rodovia. Após o crime, ele ainda viajou com amigos para a Serra do Cipó.
Câmeras de segurança já haviam registrado imagens do veículo da vítima circulando pela via no sentido ida e volta na data do crime.
Suspeito
Matteos tinha cargo comissionado de assessor na Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese), do Governo de Minas. Ele foi exonerado do cargo. Segundo o Portal da Transparência do governo do Estado, o salário dele era de R$ 4.500.
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