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Juiz relata dificuldade em encontrar psiquiatra para atuar no caso Adélio

Conforme juiz, psiquiatras alegaram diversos motivos para evitar o caso, como a polarização política no país e a condição especial da vítima

Minas Gerais|Ezequiel Fagundes, da Record TV Minas

Adélio foi considerado doente mental pela Justiça
Adélio foi considerado doente mental pela Justiça

Responsável pela decisão que considerou o esfaqueador do presidente Jair Bolsonaro (PSL) como sendo um doente mental, o juiz Bruno Savino, da 3ª Vara da Justiça Federal de Juiz de Fora, diz ter tido dificuldades em encontrar psiquiatras para atuar no processo de Adélio Bispo, autor da facada.

Nesta segunda-feira (27), Bruno Savino divulgou o despacho no qual especialistas apontam que Adélio, autor da facada, tem Transtorno Delirante Persistente. Portanto, se for condenado, ele deve ser encaminhado para um manicômio, e não para uma prisão.

Segundo o juiz, os psiquiatras alegaram diversos motivos para evitar o caso, como a "condição especial da vítima e a polarização política no país". "Alguns deles alegaram suspeição para o exercício do múnus de perito, seja em razão do vínculo profissional ou de filiação a partido político", diz a decisão.

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Insanidade


Em outro trecho do despacho, o magistrado fala sobre a insanidade de Adélio Bispo, que desmontrou indiferença em relação ao risco que estava correndo, pois poderia ter sido morto após o atentado. Bolsonaro foi esfaqueado em 6 de setembro de 2018, quando participava de um ato público de campanha em Juiz de Fora.

Segundo o juiz, o ato foi praticado "em meio a uma multidão de fervorosos apoiadores e diversos membros das forças de segurança".


"Aliás, o exame de corpo de delito, que descreve as diversas lesões do réu decorrentes da tentativa de linchamento, ação que somente foi interrompida pela pronta reação das forças de segurança, comprovou a real possibilidade de o réu não sair vivo de seu intento", assinalou.

Doença Psicótica


O juiz destacou ainda que, após várias medidas da investigação, como afastamento do sigilo telefônico, telemático, busca e apreensão, não existem elementos que "corroborassem um possível planejamento de uma linha de defesa que envolvesse a simulação de doença psicótica".

"O atentado foi praticado dentro de um contexto psicótico no qual o réu tinha a certeza de que a vítima, então candidato Jair Messias Bolsonaro, faria parte de uma conspiração maçônica para destruir o Brasil".

Apuração travada

A investigação da Polícia Federal em Belo Horizonte que tenta identificar um suposto mandante do atentado está travada. Isso porque a PF aguarda posicionamento final do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), em Brasília, que vai se manifestar a favor ou não da perícia no celular do advogado de Adélio, Zanone de Oliveira.

Em março deste ano, o TRF-1, em decisão liminar do desembargador Néviton Guedes, suspendeu a investigação sobre Zanone alegando proteção do sigilo profissional. A perícia no aparelho é, hoje, a principal linha de investigação da PF na tentativa de identificar quem bancou a defesa de Adélio. O processo está concluso para despacho, mas isso não tem data para ocorrer.

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