Júri de médicos acusados de retirar órgão de criança entra no 2º dia
Três médicos são julgados em Belo Horizonte pela retirada ilegal de órgãos; caso motivou investigação sobre tráfico de órgãos
Minas Gerais|Lucas Pavanelli, do R7, com Raquel Rocha
O julgamento de três médicos acusados de retirar ilegalmente os órgãos de uma criança de 10 anos em Poços de Caldas, a 470 km de Belo Horizonte, será retomado na manhã desta sexta-feira (29). O júri, que começou por volta das 10h40 desta quinta, foi interrompido pelo juiz Daniel Chaves por volta das 22h40.
O juiz ouviu o depoimento do pai do menino Paulo Veronesi Pavesi e das testemunhas, que foram ouvidas em vídeo.
A expectativa é que o júri formado por seis homens e uma mulher decida ainda hoje sobre o futuro dos médicos José Luis Gomes da Silva, José Luis Bonfitto e Marco Alexandre Pacheco da Fonseca. Eles alegam inocência. Outro profissional de saúde, Álvaro Ianhez, teve o processo desmembrado.
Eles foram denunciados pelo Ministério Público de Minas Gerais por homicídio qualificado e remoção de órgãos ou partes do corpo de uma pessoa em desacordo com a lei. A situação é agravada pelo fato de a vítima ter menos de 14 anos à época do crime.
Relembre o caso
Paulinho morreu há quase 21 anos. Ele estava brincando com amigos na piscina do prédio onde vivia, em Poços de Caldas, quando caiu de uma altura de quase 10 metros de altura. A criança deu entrada no hospital da cidade com traumatismo craniano e ferimentos na face e passou por uma cirurgia. Dois dias depois, foi transferido para a Santa Casa de Misericórdia, onde foi dado como morto.
No entanto, para o MP, o exame que apontou a morte cerebral teria sido forjado e Paulinho ainda estaria vivo no momento da retirada dos órgãos.
Primeiro julgamento
Em 2014, os três médicos que estão sendo julgados hoje em Belo Horizonte foram condenados e tiveram a prisão decretada. No entanto, eles conseguiram ser soltos por meio de uma decisão em caráter liminar 30 dias depois. O júri foi anulado e o caso foi transferido para a capital mineira. O caso deveria ter sido julgado novamente em 2016, mas acabou suspenso.