A Justiça Federal anulou, nesta quinta-feira (8), as prisões preventiva e temporária da falsa enfermeira Cláudia Mônica Pinheiro Torres de Freitas, investigada no esquema de vacinação ilegal em Belo Horizonte.
A decisão é do TRF1(Tribunal Regional Federal da Primeira Região), atendendo a um pedido da defesa da mulher que, na verdade, é cuidadora de idosos.
Apesar da decisão, Cláudia já está solta desde o último sábado (3), após passar quatro dias detida. Em contato com a reportagem, o advogado detalhou que com a mudança no processo, ficam suspensas algumas medidas cautelares impostas à investigada. Como exemplo, a proibição de deixar a cidade de Belo Horizonte e de se aproximar de algumas pessoas envolvidas na investigação.
"A defesa da sra. Cláudia Torres continuará na busca pela transparência e Justiça em relação aos métodos e procedimentos utilizados pelos servidores públicos na investigação da Operação Camarote", escreveu Agostino.
A defesa alegou que os pedidos de prisão apresentados contra a investigada não atendem aos requisitos necessários e, por isto, são ilegais. Ao prender a cuidadora de idosos no último dia 30 de março, a Polícia Federal a indiciou por "falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais".
Os investigadores ainda tentam descobrir a origem das vacinas e se elas eram verdadeiras. Até o momento não foram encontrados imunizantes contra a covid-19 com a mulher. Na casa dela a polícia achou seringas, soro fisiológico e doses de vacinas contra gripe.
A suspeita é que Cláudia tenha vendido e aplicado os suspostos imunizantes para centenas de pessoas. Quase 80 teriam recebido o medicamento na garagem de ônibus da empresa Coordenadas, ligada ao Grupo Saritur, em Belo Horizonte.
Famílias de bairros nobres da capital mineira também teriam sido "atendidas". Um vídeo mostra o momento em que Cláudia chega com uma maleta em um prédio de luxo, no bairro Gutierrez, na região Oeste da capital mineira.
O empresário Marcelo Martins Araújo, que mora no edifício, confirmou à polícia que comprou a vacina oferecida pela falsa enfermeira pensando se tratar de um imunizante da Pfizer.