Justiça de MG vai começar a ouvir testemunhas do caso Backer após dois anos
Juiz marcou audiências com 28 testemunhas de acusação sobre as intoxicações e mortes causadas por cerveja da marca
Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7
A Justiça de Minas Gerais vai começar a colher depoimentos, nesta segunda-feira (23), das testemunhas do caso das intoxicações causadas por cervejas Belorizontinas, da marca Backer, contaminadas.
Os depoimentos acontecem 2 anos e 4 meses após o caso começar a ser investigado. A expectativa é que as falas sejam colhidas até a próxima quinta-feira (26). Ainda não há data para o julgamento final, já que o juiz pode pedir novos documentos e provas sobre os crimes.
De acordo com o Fórum Lafayette, serão ouvidas 28 testemunhas de acusação, indicadas pelo MPMG (Ministério Público de Minas Gerais), sendo sete por dia.
O caso terminou com ao menos 10 mortes e dezenas de consumidores intoxicados. O processo ficará na 2ª Vara Criminal de Belo Horizonte.
"Em razão da alta complexidade do feito, pluralidade de réus e procuradores, elevado número de testemunhas arroladas pelas partes, aliada à pandemia sanitária e cautelas dela decorrentes, as audiências de instrução e julgamento serão fracionadas, com designações de datas de forma distinta e gradativa", destacou o juiz Haroldo André Toscano de Oliveira.
Ao todo, 11 pessoas foram denunciadas pelo MPMG (Ministério Público de Minas Gerais), mas uma delas morreu. Dentro os demais, estão os diretores da cervejaria. A reportagem tenta contato com os acusados.
Crimes
Haya Khalil Lebbos, Munir Khalil Lebbos e Ana Paula Lebbos, sócios da marca, foram acusados de adulterar produto alimentício. Cinco funcionários da empresa foram denunciados por homicídio culposo, em que não há intenção de matar.
Segundo o MPMG, eles trabalhavam em áreas ligadas ao processo de produção e segurança na fábrica. Um oitavo investigado também vai responder por adulteração de alimento e um 10º por falso testemunho.
O caso Backer se deve à intoxicação em série de consumidores da cerveja Belorizontina, da Backer, que se tornou pública no primeiro fim de semana de 2020, após a divulgação de relatos em redes sociais.
No fim das investigações, os peritos concluíram que parte do lote da bebida estava contaminada com monoetilenoglicol e dietilenoglicol, dois anticongelantes tóxicos ao corpo humano, usados no processo de resfriamento industrial. O material teria caído na bebida durante a fabricação. Tanques da empresa, localizada na região oeste de Belo Horizonte, estavam furados.
Ao menos dez pessoas morreram em decorrência das intoxicações. Mais de 20 teriam apresentado problemas de saúde. Algumas delas tiveram sequelas motoras. Entre os sintomas mais comuns relatados pelos pacientes estão insuficiência renal e paralisias motoras. Algumas famílias que ficaram de fora do primeiro inquérito policial ainda tentam provar que foram vítimas da intoxicação.