Após três anos, Justiça vai ouvir falsa enfermeira acusada de forjar vacinação contra covid-19 em MG
Judiciário espera interrogar os seis réus do caso e 24 testemunhas; suposta operadora do esquema responde por cinco crimes
Minas Gerais|Do R7
Está previsto para acontecer, nesta quinta-feira (1º), em Belo Horizonte, o primeiro interrogatório da Justiça com a falsa enfermeira acusada de forjar um esquema de vacinação contra a Covid-19 em Minas Gerais, no início de 2021, quando o imunizante ainda não estava disponível para toda a população. A investigação apontou que Cláudia Mônica Pinheiro Torres de Freitas aplicou soro fisiológico nas pessoas que pagaram R$ 600 por cada dose do que eles pensaram ser o medicamento.
Além de Mônica, outras cinco pessoas foram denunciadas, em abril de 2022, por participação no suposto esquema. A lista de crimes imputados ao grupo conta com falsidade ideológica, estelionato, associação criminosa, dentre outras.(Veja a lista completa a seguir)
A previsão da Justiça é ouvir os seis acusados e 24 testemunhas, mas nem todos foram encontrados para serem intimados. A defesa de Mônica tentou alegar problemas de saúde da ré para adiar a audiência, mas o pedido foi negado. O juiz, entretanto, autorizou participação remota.
O caso ganhou repercussão após Cláudia Mônica ser flagrada atendendo a um grupo de pessoas na garagem de uma empresa de ônibus, na região noroeste de Belo Horizonte, em um esquema parecido com um drive-thru. Entre os supostos imunizados estavam empresários mineiros e seus respectivos parentes, incluindo adolescentes e idosos. Na época, a vacinação oficial do governo atendia apenas idosos com mais de 80 anos.
A reportagem procurou Cláudia e a defesa dela, que não quiseram se manifestar. O R7 tenta contato com os outros réus. Veja abaixo todos os detalhes sobre caso.
Um vídeo divulgado em primeira mão pelo R7 na época mostrou a aplicação da falsa vacina. Relembre a seguir:
Entenda o caso
A vacina aplicada nos empresários era verdadeira?
Não. De acordo com a investigação realizada pela Polícia Federal, a Cláudia Mônica aplicou soro fisiológico nos clientes. Frascos do produto foram encontrados com a mulher durante a investigação. O inquérito ainda apontou que a investigada se passou por enfermeira, enquanto era, na verdade, cuidadora de idosos. Vítimas da falsa enfermeira fizeram testes que indicaram que elas não estavam imunes à Covid-19 na época.
Quem são os denunciados?
• Cláudia Mônica Pinheiro Torres de Freitas: a falsa enfermeira
• Igor Torres de Freitas: filho de Cláudia. Segundo a denúncia, ele era responsável por oferecer a falsa vacina e receber os pagamentos.
• Junio das Dores Guimarães: então genro de Cláudia (caso com Danievele). Trabalhava como motorista da sogra para levá-la aos atendimentos para aplicação das vacinas falsas.
• Danievele Torres de Freitas: filha de Cláudia. Responsável por fornecer conta bancária para recebimento do valor pago pelas pessoas que compravam os imunizantes falsos.
• Ricardo Carvalho de Almeida: então namorado de Cláudia. Acompanhava a companheira nos atendimentos. Segundo o MPMG, ele também identificava bens que poderiam ser comprados para dissimular a origem do dinheiro.
• Wagner Hudson Pinheiro Torres: irmão de Cláudia. Segundo o MPMG, disponibilizou para a irmã e o sobrinho contas bancárias com o objetivo de ocultar a origem dos recursos. Ele ainda teria registrado em nome dele um carro que, na verdade, seria de Mônica.
Quais os crimes imputados aos denunciados?
• Cláudia Mônica Pinheiro Torres de Freitas:
- Associação criminosa;
- estelionato
- uso de documento falso
- falsidade ideológica
- ocultação de bens
• Junio das Dores Guimarães:
- Associação criminosa;
- estelionato;
- ocultação de bens.
• Igor Torres de Freitas:
- Associação criminosa;
- ocultação de bens.
• Wagner Hudson Pinheiro Torres:
- Associação criminosa;
- ocultação de bens.
• Danievele Torres de Freitas:
- Associação criminosa;
- ocultação de bens.
• Ricardo Carvalho de Almeida:
- Associação criminosa;
- estelionato;
- ocultação de bens.
A falsa enfermeira está presa?
Não. Ela responde em liberdade. Cláudia ficou presa por quatro dias durante as investigações, entre março e abril de 2021.