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Liquefação causou rompimento de barragem, diz relatório da Vale

Documento aponta que estrutura não apresentou sinais de instabilidade antes de estourar; tragédia deixou 270 mortos e desaparecidos

Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7, com Enzo Menezes, da Record TV Minas

Barragem rompeu em 25 de janeiro
Barragem rompeu em 25 de janeiro Barragem rompeu em 25 de janeiro

Um relatório de especialistas contratados pelo escritório de advocacia que defende a mineradora Vale indica que a barragem de Brumadinho se rompeu devido à "liquefação estática dos rejeitos" da estrutura. O documento foi divulgado nesta quinta-feira (12).

O documento de 88 páginas ainda destaca que a estrutura localizada na mina Córrego do Feijão não apresentou sinais aparentes de instabilidade antes de estourar. "Vídeos de alta qualidade de um drone sobrevoando a Barragem I apenas sete dias antes do rompimento também não mostraram sinais de instabilidade", justifica o texto.

Na prática, o fenômeno de liquefação ocorre quando um material sólido se torna líquido. "A perda de resistência significativa e repentina indica que os materiais retidos pela barragem apresentavam comportamento frágil", destaca um trecho do documento. O relatório indica que a situação foi provocada por uma série de fatores. São eles:

1) Um projeto que resultou em um talude íngreme construído a montante;

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2) O gerenciamento da água dentro da bacia de rejeitos que às vezes permitia que a água chegasse perto da crista barragem, resultando no lançamento de rejeitos fracos perto da crista;

3) Um recuo no projeto que empurrou as partes superiores do talude para cima dos rejeitos finos e mais fracos;

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4) A falta de drenagem interna significativa que resultou em um nível de água alto na barragem, principalmente na região do pé da barragem;

5) Alto teor de ferro, resultando em rejeitos pesados com cimentação entre partículas. Esta cimentação gerou rejeitos rígidos que apresentavam comportamento potencialmente muito frágil se sujeitos a um gatilho que os levasse à condição não drenada;

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6) Precipitação regional alta e intensa na estação chuvosa, o que pôde resultar em perda de sucção, produzindo uma pequena perda de resistência nos materiais não-saturados acima do nível da água.

Os resultados indicam que "a falta de recursos de drenagem significativos, juntamente com a presença de camadas de rejeitos finos menos permeáveis dentro da própria barragem, resultaram em um nível de água alto dentro" do reservatório.

Alto teor de ferro

Outra situação indicada pelo relatório é que o rejeito da barragem tinha um alto teor de ferro, superior a 50%, com muito pouco quartzo, inferior a 10%. "O alto teor de ferro deu aos rejeitos um alto peso específico total", explica.

Tubos de drenagem

Documentos obtidos pela polícia durante as investigações que apuram a motivação do rompimento mostram que em 11 de junho de 2018 técnicos instalavam drenos na estrutura para retirar o excesso de água do reservatório devido a problemas detectados no local.

Apesar do episódio ter ocorrido sete meses antes do estouro, o painel indica que "a atividade de perfuração não era suficiente para desencadear o rompimento".

A reportagem aguarda resposta da Vale para comentar os resultados.

Veja as imagens do momento em que a barragem se rompeu:

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