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Minas Gerais Maquinista da Vale em Brumadinho escapa da lama por poucos minutos 

Maquinista da Vale em Brumadinho escapa da lama por poucos minutos 

Lafaiete Ribeiro da Silva trabalhava no local e resolveu sair para almoçar antes do planejado; Dona do imóvel morreu na tragédia, da última sexta-feira (25)

  • Minas Gerais | Ana Gomes, do R7, com Enzo Menezes, da Record TV Minas

Lafaeite e a família conseguiram fugir da lama e lamentam perda de advogada

Lafaeite e a família conseguiram fugir da lama e lamentam perda de advogada

Enzo Menezes/ Record TV Minas

Passada uma semana do rompimento da barragem da Vale, Lafaiete Ribeiro da Silva ainda relembra o sentimento de sobreviver à tragédia que destruiu a sua cidade. O maquinista de 48 anos deixou a mineradora, na noite anterior ao desastre, onde trabalha no período noturno. No dia seguinte, saiu minutos antes da casa da secretária municipal de Desenvolvimento Social de Brumadinho, Sirlei Brito, que teve o imóvel tomado pela lama e morreu no desastre.

Silva prestava serviços esporádicos para Sirlei e, naquele dia, fazia um poço no local. O morador antigo do Córrego do Feijão, área mais atingida pela lama, conta que sentiu fome e saiu para almoçar mais cedo.

— Ainda brinquei com ela: “Vamos embora pra gente almoçar lá em casa?”. Ela agradeceu e disse que ia terminar o serviço.

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Ao chegar em casa para o almoço, a energia elétrica estava cortada. Um amigo do maquinista ligou no seu celular e avisou do rompimento. Depois de correr, tentou contato com Sirlei por telefone, mas sem nenhuma resposta.

— O telefone chamou, chamou, e ela não atendeu mais.

A casa da secretária foi destruída pelos rejeitos da barragem. O corpo dela foi encontrado e enterrado em Brumadinho. Duas pessoas que estavam com a vítima conseguiram correr e se salvar. Silva acredita que ela voltou ao imóvel para buscar uma cadela.

— Ela lembrou da cachorra, voltou correndo e não deu tempo de voltar. Não viram ela mais.

Além de secretária municipal de Desenvolvimento Social de Brumadinho, Sirlei era advogada e professora. O maquinista lembra do apoio que ela dava aos moradores de Córrego do Feijão.

— Ela era tudo pra nós. Dava o maior apoio à comunidade.

A mulher de Lafeite, Aparecida Pereira Silva, procura por um primo desaparecido após a tragédia. Rodrigo Henrique de Oliveira era funcionário da Vale e não foi encontrado até o momento. Ela diz que não sabe se vai coontinuar vivendo com a família na comunidade.

—Nunca vai voltar a ser normal porque nunca esqueceremos as pessoas que perdemos. Mas gostaria que pelo menos a natureza e a tranquilidade voltassem ao normal.

O balanço mais recente indica 110 mortos, 238 desaparecidos e 394 identificados. Dos mortos, 71 foram identificados por exames realizados pela Polícia Civil. Também há 108 desabrigados e seis pessoas hospitalizadas.

R7

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