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Mineradoras e diretor da ANM são indiciados pela PF por extração ilegal de minério

Ação criminosa era realizada na Serra do Curral, na Grande BH; ao todo, 13 pessoas e cinco empresas foram acusadas no processo

Minas Gerais|Do R7 com Record TV Minas

PF indicia 13 pessoas por extração ilegal de minério
PF indicia 13 pessoas por extração ilegal de minério PF indicia 13 pessoas por extração ilegal de minério

A Polícia Federal indiciou cinco empresas por extração ilegal de minério na Serra do Curral, entre os municípios de Belo Horizonte, Nova Lima e Sabará, na região metropolitana de Belo Horizonte. O jornalismo da Record TV Minas teve acesso ao despacho, que confirma a decisão.

Entre as instituições citadas pelo crime estão as mineradoras Gute Sicht Ltda, Fleurs Global e as empresas SAAE Participações S/A e CDM Participações S/A, além da transportadora Valefort Comércio e Transporte Ltda-Me. O diretor da Agência Nacional de Mineração, em Brasília, Guilherme Santana Lopes Gomes, foi indiciado por prevaricação, que segundo o Código Penal é “retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”.

"No caso investigado, tal licença não foi apresentada à Agência Nacional de Mineração, tendo o Gerente Regional Substituto, Guilherme Santana Lopes Gomes, ainda assim, se manifestado favoravelmente ao pedido, na condição de Chefe da Divisão de Pesquisa e Recursos Minerais e, em seguida, aprovado o mesmo pedido, na condição de Gerente Regional Substituto, assinando, ainda, a Guia de Utilização, praticando, assim, indevidamente, ato de ofício, para satisfazer sentimento pessoal, no caso, permitir que a Mineração Boa Vista realizasse teste de rota tecnológica com o minério de ferro extraído, o que, na visão de Guilherme, se coaduna com o interesse institucional da ANM", informou a decisão.

Além do Guilherme, 12 pessoas foram indiciadas nesse processo, que inclui crimes de extração ilegal de minério, lavagem de dinheiro ou ocultação de bens e falsificação de documentos. Entre os acusados está o advogado João Alberto Paixão Lages, que foi deputado estadual pelo MDB (Movimento Democrático Brasileiro) de Minas Gerais, diretor presidente da Ceasa (Centrais de Abastecimento de Minas Gerais) e secretário do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

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"Segundo o inquérito, João Lages é proprietário de fato da Mineradora Gute Sicht Ltda desde 30 de janeiro de 2020. Ele também é apontado como administrador da mineradora", disse o despacho.

Segundo o documento, em todos os inquéritos consta o mesmo modo de atuação dos investigados, que operam prática de terraplenagem de terrenos, regulares ou invadidos, sem autorização ou em divergência com o autorizado pela prefeitura local. Ainda segundo o despacho, o objetivo seria dissimular a extração irregular de minério, que é posteriormente destinado à comercialização. Burlando, desse modo, a fiscalização dos órgãos ambientais competentes.

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"As obras gerais de terraplenagem precisam passar por autorização dos respectivos municípios em que forem realizadas, e mesmo quando autorizadas não pode haver comercialização das terras e materiais extraídos, ficando o aproveitamento destes permitido apenas à utilização na própria obra; destinação a aterro ou bota-fora licenciado pelo Município, ou a obras públicas", consta no documento.

Na ação judicial, a procuradoria solicitou, em pedido de urgência, a suspensão do termo de ajustamento de conduta firmado entre a mineradora e o governo de Minas, a paralisação das atividades de mineração na área, sob pagamento de multa diária de R$ 1 milhão e indenização a população de Belo Horizonte em danos morais coletivos no valor de R$ 20 milhões.

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A Semad (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável) informou que a análise dos processos de licenciamento, assim como as demais atividades relacionadas a ela, é realizada com extrema responsabilidade, buscando a melhor técnica e sempre com observância às normas vigentes e aplicáveis.

“Os processos de licenciamento ambiental são sempre conduzidos com transparência e seguindo os ritos determinados pelas normas”, disse a pasta em nota. A Secretaria informou também que as autorizações relacionadas à mineração na Serra do Curral estão sendo revisadas.

O ex-deputado João Lages negou qualquer irregularidade na extração de minério no local e disse que o setor gera empregos e impostos, além de serviços sociais.

O ex-diretor da ANM, Guilherme Santana Lopes Gomes, afirmou que não foi indiciado. Sobre a emissão da guia de autorização, o engenheiro disse que o minério já tinha sido removido de Belo Horizonte, graças a uma dispensa de licenciamento ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente. Ele ressaltou, ainda, que uma resolução da agência permite a emissão de guia de utilização sem o documento.

A mineradora Gute Sicht informou que todas as atividades são regulares. A reportagem tenta contato com as outras três empresas citadas.

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