O Ministério Público de Minas Gerais deve denunciar a mineradora Vale por homicídio doloso — quando se assume os riscos de suas ações — no processo referente ao rompimento da barragem da empresa em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte.
As informações são de dados de um relatório do órgão que o jornalismo da Record TV Minas teve acesso com exclusividade. Segundo um dos laudos, que tem mais de 300 páginas, foi constatada uma erosão na frente da estrutura e problemas de drenagem que levaram ao aumento da pressão no reservatório de rejeitos. As informações levam os membros do MP a crer que a Vale sabia das falhas e não agiu para impedi-los.
O relatório de uma empresa contratada pela própria mineradora indica que o rompimento foi causado por liquefação estática dos rejeitos, que é um fenômeno que ocorre quando um material sólido passa a se comportar como líquido rapidamente. Entre os fatores apontados como motivadores do fenômeno está o acúmulo de água e alto teor de ferro no reservatório.
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A tragédia que deixou 270 mortos e desaparecidos completa um ano no próximo 25 de janeiro. As buscas na área do rompimento continuam e não há previsão para chegar ao fim. Até o momento, 11 pessoas seguem desaparecidas.
Outro lado
Em nota, a Vale informa que tem colaborado com as investigações e que sempre esteve comprometida com a segurança das pessoas e de suas estruturas, além de continuamente aprimorar seus processos de gestão preventiva de riscos.
A empresa afirmou, ainda, que divulgou no mês passado um relatório elaborado por um Painel de Especialistas e que, de acordo com a investigação, o rompimento "ocorreu de forma abrupta e sem sinais prévios aparentes, que pudessem ser detectados pelos instrumentos de monitoramento geotécnico usualmente empregados pela indústria da Mineração mundial."
A Vale complementa a nota dizendo que contratou a Tüv Süd como empresa de auditoria "de renome internacional" e que é papel dela "realizar um processo sistemático, documentado e independente para obter todas as evidências possíveis e avaliá-las objetivamente, privilegiando a segurança acima de tudo."