Queda do viaduto deixou duas pessoas mortas em 2014
Polícia Militar/DivulgaçãoOperários que trabalhavam no escoramento do viaduto Batalha dos Guararapes, que desabou em 3 de julho de 2014, em Belo Horizonte, alertaram sobre a falta de segurança e foram ameaçados de demissão cerca de 30 minutos antes da queda da estrutura. Com medo de perderem o emprego, eles retornaram ao local de trabalho e tiveram que correr para não serem esmagados.
Duas pessoas morreram no desastre, a motorista de ônibus Hanna Cristina Santos, e Charlys Frederico Moreira do Nascimento, que dirigia um carro que foi destruído pela estrutura. O viaduto, uma das obras viárias para a Copa do Mundo de 2014 caiu na semana da abertura do evento.
O relato consta da sentença da juíza Myrna Fabiana Monteiro Souto, da 11ª Vara Criminal, divulgada nesta sexta-feira (18). Seis pessoas foram condenadas por homicídio culposo, com penas que variam de dois a sete anos.
Problemas na estrutura
De acordo com a sentença, no dia do desabamento, operários trabalhavam na desmontagem de andaimes. A situação chamou a atenção porque eles estavam "muito pressionados pela superestrutura e as vigas estavam amassando e entortando".
Os funcionários, então, passaram a ouvir estalos das ferragens e, cerca de meia hora antes do desabamento, deixaram o local para denunciar a falta de segurança do local ao encarregado de obras. Na hora, eles disseram que interromperiam o trabalho.
"O encarregado conversou com o engenheiro e os operários foram ameaçados de demissão. Com isso, retornaram ao trabalho. Mas os estalos ficaram mais fortes e as vigas começaram a ceder", diz o trecho da sentença.
Por volta das 15h, no entanto, os operários desceram dos andaimes, que começaram a quebrar. Quando notaram que o desabamento era iminente, "todos correram e por questão de segundos, não foram todos esmagados", diz o texto.
Decisão
A juiza Myrna Monteiro condenou cinco engenheiros por homicídio culposo, com penas que variam de 2 a 7 anos de prisão. A Justiça concedeu uma substituição do cumprimento da pena em regime fechado caso os culpados paguem uma indenização no valor de 200 salários mínimos aos dependentes das duas vítimas fatais, além de 50 salários mínimos para cada uma das 23 vítimas lesionadas.
Já um engenheiro da Cowan foi condenado a 4 anos e 8 meses de prisão por homicídio doloso já que, segundo a sentença, o homem era o responsável por fiscalizar as obras do viaduto e teria sido avisado de estalos na estrutura antes da queda.
A juiza ainda proibiu os seis condenados de exercer a profissão por tempo igual ao período de condenação. O secretário de obras teve suspenso o direito de exercer o cargo público. A sentença será cumprida, inicialmente, em regime aberto.
A reportagem aguarda posicionamento das empresas envolvidas.