“Se eu tivesse mais tempo, isso não teria acontecido”, diz pai de menino que morreu ao inalar desodorante
João Victor Santos Mapa, de 10 anos, entrou dentro do guarda-roupa e ingeriu o produto para cumprir um desafio popular na web
Minas Gerais|Ana Gomes, Do R7 com Record TV Minas
O pai do menino que morreu ao inalar desodorante durante um desafio proposto em uma rede social relatou que o filho era monitorado quando usava o celular, mas que não conhecia a brincadeira. Em entrevista à Record TV Minas, Fabiano Teixeira Santos lamentou não ter advertido o garoto, de 10 anos, a tempo.
“Cuidem mais dos filhos. Estejam mais presentes. O tempo que eu estive com ele não foi suficiente. Porque se eu tivesse mais tempo, isso não teria acontecido”, relatou o pai.
João Victor Santos Mapa morreu dentro da casa onde morava com a família, no bairro Pirajá, na região nordeste de Belo Horizonte. Segundo Santos, a mãe da criança pediu que ele fosse até o quarto buscar um medicamento para o outro filho e estranhou quando o menino demorou para voltar.
“Minha esposa que viu ele estava demorando e pediu que meu filho mais velho fosse olhar. Foi quando encontraram ele dentro do guarda-roupa”, disse.
Ainda segunda a família, o menino fechou a porta do móvel para aspirar o conteúdo do frasco, que estava quase cheio. O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi acionado para reanimar a criança, mas João Vitor não resistiu. Os médicos constataram que a criança teve uma parada cardiorrespiratória.
O velório está previsto para acontecer nesta sexta-feira (26), a partir de 13h, no Cemitério Parque Terra Santa, em Sabará, na região metropolitana de Belo Horizonte. O sepultamento acontecerá às 15h, no mesmo local.
Desafio do desodorante
Conhecido como desafio do desodorante, a brincadeira consiste em inalar o produto. Em vídeos publicados em uma rede social, crianças e adolescentes mostram a resistência e chegam a cronometrar o tempo que conseguem ingerir a substância.
A brincadeira não é recente e se popularizou entre os usuários das redes sociais. Em 2018, a morte de uma menina, de 7 anos, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, levantou o debate sobre os perigos do desafio.
Adrielly Gonçalves foi encontrada deitada na cama, já sem vida, e com uma embalagem de desodorante ao lado. No atestado de óbito consta que ela morreu por asfixia mecânica por agente contundente.
Prestes a enterrar o filho, Fabiano Teixeira faz um alerta sobre as brincadeiras da internet que viralizam na internet. "Não deixem essas coisas do mundo acabar com a nossa família. Faço um alerta para os pais cuidarem dos seus filhos porque a perda é grande. Só quem perde um filho sabe a dor que é", finalizou.
A capitã do Corpo de Bombeiros, Thaise Rosa, alerta para os perigos da ingestão da substância no organismo. “Eles são compostos por álcool, em sua maioria, por alumínio e gases como isobutano. Esses gases, quando inalados, vão para o pulmão, que é um órgão super vascularizado e vão chegar rapidamente na corrente sanguínea. Esses gases se juntam aos glóbulos vermelhos e, ao invés de levar oxigênio, vão possibilitar uma asfixia", explicou.