Substituição de cobre por material mais barato reduz furtos de cabo

Atendimento nas unidades básicas de saúde prejudicado, escolas sem aula e lojas fechadas são alguns dos transtornos causados pelo furto de fios de cobre. Cansados de prejuízos, setores público e privado fazem testes para tentar substituir o cobre por outros materiais condutores de eletricidade, que não tenham tanto valor no mercado.

Em alguns pontos da capital, os furtos se tornaram rotina. As ações criminosas acontecem em série. Só da rede subterrânea da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), na área central de Belo Horizonte, foram levados cerca de seis quilômetros de cobre em 2021. O prejuízo financeiro atinge a cifra de R$ 1 milhão e os transtornos gerados pela falta de energia elétrica afetam milhares de pessoas.

A companhia identificou que muitos consumidores têm agido por conta própria. Cansados de tantos furtos, eles soldam as tampas das caixas de energia ou instalam placas de concreto sobre a rede subterrânea - que não é indicado pela concessionária.

“Vai ocasionar na demora de um estabelecimento de energia. Vamos ter que procurar o consumidor para retirada da solda”, explica Felipe Martins, técnico da Cemig.

O especialista afirma que a Cemig tem procurado alternativas para reduzir o problema do furto da fiação. A empresa já faz testes com outros condutores de energia elétrica para tentar substituir o cobre. O cabeamento dos semáforos nas ruas da capital mineira já está sendo trocado, como explica José Carlos, diretor de sistema viário da BHTrans (Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte).

“Estamos trocando o semáforo por alumínio, que também é um condutor de eletricidade, um pouco mais caro, mas não tem atratividade para o furto. No dia em que a pessoa que rouba descobrir, vai perceber que está roubando e não vai ter para onde vender.

Reflexos

O cobre é um metal caro e muito presente no nosso dia a dia, alvo de criminosos que visam dinheiro fácil. Especialistas explicam que, em muitos casos, o furto de cobre é praticado por pequenos infratores, usuários de drogas que agem à margem da lei para sustentar o vício.

As câmeras de vigilância não intimidam esses ladrões. Em um dos flagrantes, a dupla usa um carrinho de supermercado e uma cadeira para praticar o crime. Em outra gravação, os três homens ficam atrás das plantas de um canteiro e agem tranquilamente. Eles enrolam os cabos e colocam no carrinho, intercalando com papelões e pedaços de lona para esconder o material recolhido. A maioria dos furtos acontece durante a madrugada, mas há os que se arriscam em plena luz do dia.

Esse tipo de crime impacta diretamente a prestação de vários serviços públicos. Em unidade de saúde de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, os pacientes ficaram sem atendimento após o local ser invadido por ladrões em busca de fios. Outros postos do municípios também já foram afetados pelo mesmo motivo.

“O serviço público depende de uma comunicação. Quando ficamos sem ela, o usuário perde em consultas agendadas, os prontuários que estão no sistema, a perda da consulta especializada que não conseguimos marcar devido à falta de sistema”, destaca Graziela Braga, referência técnica de saúde em Contagem sobre os reflexos no setor.

O furto de fiação em órgãos públicos já se tornou um problema crônico. Um levantamento feito pela Prefeitura de Contagem apontou que em 2020, foram 23 ocorrências desse tipo em prédios da administração municipal. Em 2021, o aumento foi de 113%, com 49 ocorrências.

Ainda em Contagem, 61% dos furtos no ano passado foram em unidades da rede de ensino. Em Belo Horizonte, a situação não é diferente. Uma escola pública da capital mineira teve prejuízo de R$ 25 mil com o furto de cabos de energia. Foram levados 300 metros de cabeamento. O circuito flagrou quatro homens dentro da unidade durante a madrugada.

Piratas do Cobre

Os problemas causados pelo furto de fios em Minas Gerais é tema da série Piratas do Cobre, exibida pela Record TV Minas entre esta segunda-feira (28) e a próxima quinta-feira (3). O material vai ao ar no Balanço Geral Minas, a partir das 11h50.

O primeiro episódio mostrou como funciona a força-tarefa criada para combater a prática criminosa na capital mineira.