Teste de fuga mobiliza um terço de cidade ameaçada por mina em MG
Cerca de 11 mil moradores de Barão de Cocais vivem em área que pode ser atingida por lama de rejeitos caso barragem Sul Superior venha a se romper
Minas Gerais|Lucas Pavanelli, do R7
Depois de um relatório da Vale, encaminhado ao MPMG (Ministério Público de Minas Gerais), constatar que há possibilidade de que o talude norte da mina Gongo Soco, em Barão de Cocais, corre risco real de se romper a partir deste domingo (19), cerca de um terço da população da cidade deixa suas casas neste sábado (18) para participar, pela segunda vez, de um simulado de emergência.
O teste é organizado pela Defesa Civil de Minas Gerais e vai mobilizar 11 mil dos 33 mil moradores de Barão de Cocais, que vivem na ZSS (Zona de Segurança Secundária), área dentro da mancha de inundação caso a barragem Sul Superior venha a se romper.
Os moradores devem sair de suas casas a partir das 15h e se deslocar a um dos sete pontos de encontro estabelecidos pelo órgão em áreas seguras.
Ainda não é possível afirmar se os danos no talude impactarão a barragem Sul Superior, da Vale, que fica a 1,5 km do local ameaçado e que vem se movimentando entre 3 e 4 centímetros por dia. No entanto, a mesma barragem teve seu nível de emergência elevado de 2 para 3, o que significa ameaça real de rompimento.
Leia mais: Barragem de Barão de Cocais é a que demanda mais cuidado, diz Vale
Teste
Esse é o segundo simulado de emergência realizado em Barão de Cocais. O primeiro aconteceu em 25 de março e, de acordo com a Defesa Civil, apenas 6 mil dos 11.000 moradores afetados participaram do teste. Na ocasião, a prefeitura da cidade decretou feriado municipal para aumentar a adesão ao simulado.
Dessa vez, o órgão espera contar com maior mobilização da população, disse o tenente-coronel Flávio Godinho, da Defesa Civil Estadual.
— A gente precisa que as pessoas conheçam a sua cidade, conheçam os pontos de encontro, as rotas de fuga. Teremos uma equipe multidisciplinar, com Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil Estadual e Defesa Civil Municipal, que irá nas 26 residências em que há 15 pessoas com deficiência e 11 pessoas acamadas. Iremos de casa em casa para entrevistar as pessoas e verificar se ela tem interesse de ir para uma casa alugada, que será custeada pela Vale", explicou o tenente-coronel Flávio Godinho, da Defesa Civil Estadual.