Investigação da Polícia Civil de Minas Gerais concluiu que o vereador de Belo Horizonte Ronaldo Batista (PSC) seria o mandante do assassinato do então vereador Hamilton Dias (MDB), de Funilândia, a 74 km da capital mineira.
Batista e outras 10 pessoas foram denunciadas por arquitetar e executar o crime.
O delegado Domênico Rocha, responsável pelo caso, explica que uma disputa sindical pode ter motivado o crime. Os investigadores apuraram que Batista e Dias eram foram parceiros em sindicatos representantes de trabalhadores do setor de transporte.
A relação entre os dois, no entanto, teria ficado abalada a partir de 2010, quando eles romperam a parceria e Hamilton Rocha fundou uma unidade sindical independente, conforme explica o delegado.
— A vítima criou um sindicato à parte que enfraqueceu o sindicato onde o vereador [Ronaldo Batista] era presidente. Não enfraqueceu só politcamente, mas também em bases territoriais de atuação, que implicam na arrecadação de receitas vultosas.
O inquérito policial ainda detalha que a partir da separação, a vítima começou a levantar possíveis irregularidades na gestão de Ronaldo Batista frente aos sindicatos e denunciar as fraudes. Um dos casos chegou à Justiça e pode gerar uma condenação milionária contra o vereador.
Emboscada
Conforme apurado pela Polícia Civil, Hamilton Dias foi atraído para uma emboscada na cidade de Belo Horizonte, onde ele foi morto, no dia 23 de julho.
O político de Funilândia marcou encontro com uma mulher chamada Vanessa. A equipe do delegado Domênico Rocha acredita que a mulher não existe.
— Essa Vanessa trocou mensagens com ele mostrando suposto interesse na compra de um lote, que era vendido pela vítima. Depois, a mulher passou a fazer jogo de sedução.
O corpo foi encontrado com 12 perfurações de tiros, dentro de um carro, próximo a uma estação de metrô.
Estopim
Uma das 11 pessoas presas durante as investigações fechou um acordo de colaboração com a Polícia Civil. Em depoimento, o suspeito relatou que uma nova condenação de Batista na Justiça teria aumentado a fúria do vereador em relação a vítima.
No dia 9 de julho deste ano, a Justiça bloqueou mais de R$ 500 mil em imóveis do político. Segundo a polícia, a decisão aconteceu em função de denúncias feitas por Hamilton Dias. As investigações apontam, ainda, que o celular usado pela suposta Vanessa foi registrado três dias após a condenação ser publicada.
— O último prejuízo financeiro causado pela vítima foi 10 dias antes do crime. Inclusive, o colaborador nos informou que houve um pedido de celeirdade [por parte de Batista em relação ao assassinato], que alegou que não dava mais para suportar a situação.
Procurado, o advogado Antônio Moreira Neto, que defende Batista, disse que ainda não vai se manifestar sobre o indiciamento, já que não teve acesso ao documento. Ontem ele havia afirmado que iria provar a inocência do cliente.
Envolvidos
O inquérito policial aponta que ao menos 11 pessoas estariam envolvidas nos crimes. Além de Ronaldo Batista, o presidente do Sintetcon (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Rodoviários de Passageiros Urbanos Intermunicipais, Interestaduais, Fretamento e Turismo de Contagem e Esmeraldas), Gerson Geraldo Cesário, que ainda não foi encontrado.
Segundo os investigadores, Cesário e o irmão intermediaram o contato de Batista com o autor dos disparos, que seria um ex-policial penal. Um policial militar dando cobertura no dia do crime.
Os demais indiciados teriam viabilizado a execução do crime, com a preparação da da arma, criação de boletins de ocorrência falsos para dificultar as investigações, além de atrair a vítima para o local.
O vereador Ronaldo Batista foi preso nesta quinta-feira (15), em Belo Horizonte, e segue à disposição da Justiça.
Procurado, o advogado Marco Aurélio, que defende Gerson Cesário, informou que não vai comentar o caso agora, uma vez que ainda não teve acesso à denúncia.