Voos de Pimentel para buscar família são alvo de inquérito
MP quer que ex-governador de Minas Gerais explique sete voos para destinos como Mangaratiba (RJ), Rio de Janeiro (RJ) e Maceió com a esposa e filhos
Minas Gerais|Lucas Pavanelli, do R7, com Ezequiel Fagundes, da Record TV Minas
O Ministério Público de Minas Gerais abriu um inquérito contra o ex-governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), por supostas irregularidades no uso de aeronaves do Governo de Minas em sete voos que ocorreram entre os anos de 2017 e 2018.
A investigação, movida pelo promotor de Justiça Geraldo Ferreira da Silva, da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, tem como base uma representação do MPC (Ministério Público de Contas).
O órgão analisou uma lista com 920 viagens feitas por Pimentel durante o seu mandato, entre janeiro de 2015 e dezembro de 2018, a partir de reportagem do Portal R7 divulgada em fevereiro deste ano, com informações obtidas por meio da Lei de Acesso à Informação.
Segundo a representação elaborada pelo MPC, além de Pimentel, "foi identificada a realização de viagens tendo como passageiros o filho (Mathias Cougo Pimentel) e a esposa (Carolina de Oliveira Pimentel) para diversos destinos.
Conforme a apuração, o Ministério Público de Contas constatou irregularidades em sete voos durante esse período. Confira a lista:
1. Belo Horizonte – Capitólio (MG) – Belo Horizonte
2. Belo Horizonte – Mangaratiba (RJ) – Belo Horizonte
3. Belo Horizonte – Maceió (AL) – Belo Horizonte
4. Belo Horizonte – Palácio das Mangabeiras (BH)
5. Belo Horizonte – Rio de Janeiro (RJ)
6. Rio de Janeiro (RJ) – Belo Horizonte
7. Belo Horizonte – Palácio das Mangabeiras (BH)
Um dos casos que mais chamou a atenção foi o primeiro da lista, ocorrido em 1º de janeiro de 2017. Um vídeo divulgado na internet mostra a aeronave, que transportava Pimentel, pousando em um condomínio na cidade de Capitólio, a 300 km de Belo Horizonte. O local fica às margens do lago de Furnas, onde o filho do governador foi passar o réveillon.
À época, Pimentel justificou dizendo que passaria o dia com o filho no local, mas ele o havia alertado que estava passando mal e se não se importaria de voltar mais cedo. O ex-governador também usou um decreto editado em 2005, ainda durante gestão de Aécio Neves (PSDB), que autoriza o deslocamento por familiares fo governador.
Mas esse não foi o único caso em que o MPC identificou que o ex-governador utilizou aeronaves do Governo de Minas para buscar familiares em destinos dentro e fora do Estado.
Em 14 de janeiro de 2018, um avião King Air deixou Belo Horizonte às 11h15 e pousou em Mangaratiba, no litoral fluminense, às 12h30, retornando para a capital mineira duas horas e 10 minutos mais tarde. Segundo representação do MPC Pimentel já havia ido ao Rio de Janeiro quatro dias antes, com outros passageiros, como sua esposa Carolina, a filha, então com dois anos de idade, funcionários do Estado e agentes de segurança.
Em 29 de março de 2018, uma quinta-feira, um avião Cessna Citation 650 levou o governador, a esposa e a filha para Maceió, só retornando no domingo (1º de abril), três dias depois. No voo de volta outros dois filhos do governador pegaram "carona", como indica o MPC.
O Ministério Público de Contas também viu irregularidades no uso de duas aeronaves do Estado em um mesmo dia, para transportar o então governador e seus familiares. No mesmo dia em que ele embarcou do Rio de Janeiro para Belo Horizonte em uma aeronave do Estado, pousando no hangar localizado no aeroporto da Pampulha.
De lá, um helicóptero levou os passageiros para o Palácio das Mangabeiras, residência oficial dos governadores do Estado, distante 14 km do local.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do ex-governador e pediu um posicionamento sobre o inquérito aberto pelo Ministério Público de Minas Gerais, mas não obteve resposta até o momento.