Brasil importou 500 toneladas de banana contaminada da Somália?
Mensagens afirmam que bananas estariam infectadas com verme que em 12 horas causaria morte cerebral no hospedeiro
MonitoR7|Do R7
Uma mensagem circula pelas redes sociais afirmando que o Brasil teria comprado 500 toneladas de banana da Somália e que as frutas estariam contaminadas com um verme. A informação é acompanhada de um vídeo, que mostra uma banana com um suposto parasita, chamado Helicobacter. Também segundo a mensagem, o verme causaria diarreia, vômito, náusea e dor de cabeça e provocaria morte cerebral após 12 horas da contaminação.
Há diversas variações da publicação, e elas estão espalhadas por todas as redes sociais. O Instagram marcou o vídeo como falso, assim como várias agências de checagem internacionais na Índia, África do Sul, Emirados Árabes e em países em hispânicos.
De início, é possível assegurar que nenhuma banana foi comprada da Somália pelo governo brasileiro. O Ministério da Agricultura afirma que o Brasil não importa banana da Somália e nem é possível que esse volume do produto tenha entrado no país de forma irregular, "dadas as características de armazenagem e transporte desse tipo de produto. Além disso, a Somália não é um país exportador de banana. Portanto, trata-se de notícia falsa e sem nenhum fundamento científico", diz o órgão.
De acordo com os registros oficiais de comércio exterior do país, em plataforma da Secretaria de Comércio Exterior, qualquer pessoa, pela internet, pode constatar que neste ano o Brasil comprou da Somália apenas óleos essenciais, obras de plástico e peixes ornamentais.
Segundo o Ministério da Agricultura, a importação de banana pelo Brasil é autorizada somente dos países do Mercosul – Argentina, Paraguai e Uruguai.
Já sobre o "verme Helicobacter", podem ser listados diversos erros nas informações incluídas na mensagem viralizada. O primeiro é que não se trata de um verme e que o termo é uma tradução de uma palavra em inglês (em português, seria heliobactéria). Sendo uma bactéria, um organismo microscópico, não é possível a visualização dele a olho nu. Portanto, o "verme" que aparece no vídeo não tem nenhuma ligação com bactéria. No Brasil, a bactéria é mais conhecida como H. pylori.
O segundo erro é a afirmação de que pode causar morte em até doze horas. A bactéria é perigosa e pode até causar câncer, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Contudo, mais de 50% da população do planeta é infectada pelo H. pylori até os 60 anos, de acordo com o doutor Paolo Rogério de Oliveira, diretor-médico da Hepatogastro. A maioria esmagadora dessas pessoas convive com a infecção sem apresentar sintomas.
A presença do H. pylori é considerada fator associado (cofator) ao desenvolvimento de três patologias gastrintestinais: úlceras gástricas e duodenais (em 1% a 10% dos portadores), câncer de estômago (em 0,1% a 3%) e linfoma do tipo MALT, doença maligna que se instala em cerca de um paciente para cada 10 mil infectados. "A boa notícia é que ela pode ser diagnosticada e tratada", disse o médico-cirurgião.
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