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Chernobyl: não há provas de que soldados russos foram contaminados pela radiação 

Agência ucraniana diz que tropas que ocuparam a usina nuclear foram enviadas a centro médico em Belarus, mas informação não foi confirmada; agência atômica diz que faltam provas

MonitoR7|Gabriel Herbelha*, do R7

Não há confirmação de que soldados russos que estiveram na usina tenham se contaminado
Não há confirmação de que soldados russos que estiveram na usina tenham se contaminado

Em uma guerra, é preciso desconfiar de uma informação quando apenas um lado da disputa dá todas as declarações. É o caso da suposta contaminação das tropas russas na usina nuclear de Chernobyl, sobre a qual apenas os ucranianos falam.

Na quinta-feira (31), após mais de um mês de ocupação, os russos deixaram a região da antiga usina. Os soldados ocuparam a área logo no início da invasão da Ucrânia, ocorrida em 24 de fevereiro.

No período em que os russos controlaram o local, relatos de tiros, explosões e incêndios florestais em áreas próximas ao reator nuclear causaram preocupação e uma série de publicações sobre o tema em redes sociais.

Agora, após a retirada das tropas russas de Chernobyl, agências de notícias ucranianas relatam que milhares de soldados russos foram contaminados com “radiação aguda”.


Os sites ucranianos calculam que cerca de 10 mil agentes da Rússia teriam passado em algum momento por Chernobyl durante a ocupação.

As agências pró-Volodmir Zelenski, presidente do país, afirmam que os russos teriam se contaminado após destruir um laboratório de uma usina desativada e depois de cavarem trincheiras na região próxima ao local.


Na agência estatal Ukrinform, uma nota de sábado (2) aumenta o drama ao afirmar que os militares russos de outros pelotões "entraram em pânico por causa da radiação dos soldados que estiveram em Chernobyl".

De acordo com a nota, milhares de agentes russos foram enviados a Belarus para observação em um centro especializado de tratamento em Gomel, o The Republican Research Centre for Radiation Medicine and Human Ecology (ou Centro Republicano de Pesquisa para Medicina de Radiação e Ecologia Humana, em tradução livre).


"A população do assentamento de Bragin é aconselhada a evitar o contato com os ocupantes russos", diz a Ukrinform.

Sites de notícias e oficiais de Belarus e da Rússia não trazem nenhuma informação sobre essa internação ou sobre o tratamento no centro médico. O governo russo também não confirmou a contaminação por radiação de suas tropas em Chernobyl.

Agência atômica diz que faltam provas

No último comunicado divulgado pela Aiea (Agência Internacional de Energia Atômica) na sexta-feira (1º), o diretor-geral, Rafael Mariano Grossi, confirmou com autoridades dos dois países que as tropas deixaram a área de Chernobyl, mas não havia notícias sobre a suposta contaminação.

“A Aiea ainda não conseguiu confirmar os relatos de que forças russas receberam altas doses de radiação enquanto estavam na Zona de Exclusão de Chernobyl”, afirma Grossi. 

A agência das Nações Unidas explicou em comunicado que "tentará obter informações adicionais para entregar uma avaliação independente da situação".

Em evento nesta semana, Rafael Grossi informou aos jornalistas que o nível atual de radiação em torno da usina de Chernobyl estava absolutamente normal.

Riscos de vazamento

Quando as tropas russas tomaram o controle da planta nuclear, ainda no fim de fevereiro, houve um aumento confirmado do nível de radiação na região, por causa do movimento de equipamentos militares pesados, o que fez com que subisse poeira radioativa no ar.

No entanto, não há confirmação de órgãos oficiais de que isso tenha acontecido nos últimos dias, antes da saída das tropas.

Somado a isso, o diretor da usina, Valery Seida, informou que, em inspeção feita no local, foi confirmado que todos os equipamentos, sistemas de controle e monitoramento de radiação estavam funcionando.

Ficou em dúvida sobre uma mensagem de aplicativo ou postagem em rede social? Encaminhe para o MonitoR7 que nós checamos para você (11) 99240-7777.

* Estagiário do R7, com edição de Marcos Rogério Lopes.

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