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Japão declarou que vacinas mRNA causam miocardite? 

Vídeo viral usa declaração de órgão de saúde japonês sobre imunizantes e possíveis efeitos adversos

MonitoR7|Do R7

Vídeo viral diz que governo japonês anunciou que vacinas estão causando doenças cardíacas, como miocardite e pericardite
Vídeo viral diz que governo japonês anunciou que vacinas estão causando doenças cardíacas, como miocardite e pericardite

Um leitor do MonitoR7 nos encaminhou para checagem um vídeo da plataforma TikTok, através do número disponibilizado para contato. A legenda do vídeo afirma que "Ministério da Saúde japonês declarou que as vacinas RNA (Pfizer e Moderna) estão causando miocardite em jovens...". A gravação mostra trecho de uma coletiva de imprensa do Ministério da Saúde do Japão, em dezembro passado.

O Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar do Japão decidiu, na época, que a miocardite deveria ser incluída na lista dos possíveis efeitos adversos graves da bula das vacinas de tecnologia RNA mensageiro (mRNA). "Ainda que extremamente raros, casos leves de miocardite e pericardite foram relatados após a vacinação" diz o ministério em comunicado publicado no site oficial.

A instituição faz um alerta aos vacinados e afirma que sintomas como dor no peito, palpitações, falta de ar ou inchaço dentro de alguns dias após a vacinação demandam que a pessoa se dirija imediatamente a uma instituição médica.

Em junho do ano passado, a agência reguladora dos Estados Unidos - FDA (Food and Drug Administration) - também tomou a mesma decisão. O órgão determinou que miocardite e pericardite deveriam estar na bula das vacinas na área de reações adversas. Assim como os japoneses, a FDA entende que os dados sugerem que o risco de desenvolvimento das doenças mencionadas aumenta após a segunda dose dos imunizantes. 


Tanto Japão, quanto Estados Unidos não afirmam que as vacinas causam miocardite e/ou pericardite naqueles que foram imunizados com vacinas de tecnologia RNAm. Ambos apontam que, por conta do maior risco, é relevante mudar os documentos que acompanham as vacinas, acrescentando as doenças como reações adversas. É importante ressaltar que a bula de todas as vacinas, sejam aplicadas no Brasil ou não, estão dispníveis no site de cada fabricante. 

As vacinas RNAm são produzidas pela farmacêutica Pfizer, em parceria com a empresa BioNTech e o outro imunizante é dos laboratórios Moderna. Das duas, somente a Pfizer foi utilizada nas campanhas de vacinação no Brasil.


A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), seguindo as observações da FDA, em julho do ano passado, publicou comunicado alertando tanto profisisonais de saúde, quanto pessoas vacinadas, sobre o risco desses eventos adversos. A agência afirma que os riscos são baixos, mas recomenda aos profissionais de saúde que fiquem atentos e perguntem às pessoas que apresentarem sintomas se elas foram vacinadas, especialmente com a vacina da Pfizer. 

"A Anvisa ressalta que mantém a recomendação de continuidade da vacinação com a vacina da Pfizer, dentro das indicações descritas em bula, uma vez que, até o momento, os benefícios superam os riscos" completa a agência em nota.


No último 14 de dezembro, a revista médica Nature publicou um estudo que analisa os riscos de desenvolvimento de miocardite, pericardite e arritimia cardíaca após a vacinação contra covid em comparação com as probabilidades de apresentar essas condições após contrair a doença. Os especialistas concluem que "na mesma população, houve maior risco de miocardite, pericardite e arritmia cardíaca após infecção por SARS-CoV-2".

De acordo com um estudo do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças, nos Estados Unidos), o risco de desenvolver miocardite após a infecção causada pelo coronavírus é cerca de 150 em cada 100 mil pessoas. Enquanto um estudo de Israel, publicado na revista médica NEJM (The New England Journal of Medicine), aponta que essa probabilidade entre os vacinados cai para 2,13 casos em cada 100 mil pessoas.

Desta forma, é muito mais provavél que uma pessoa que não se vacinou desenvolva miocardite, do que um indivíduo imunizado. O CDC aponta que a ocorrência de internações de miocardite foi 42% maior em 2020 do que em 2019. "O risco de miocardite entre pacientes com COVID-19 entre março de 2020 e janeiro de 2021 foi quase 16 vezes maior que o risco entre pacientes sem COVID-19" diz o órgão.

O Ministério da Saúde japonês inclusive não alterou a sua campanha de vacinação, mesmo após fazer a exigência de mudança na bula das vacinas. Ao escolher as vacinas para serem usadas como doses de reforço, o governo japonês optou justamente pelas duas vacinas com tecnologia mRNA, Moderna e Pfizer.

Portanto, o Japão, ao contrário do que diz o vídeo viral, não afirmou que as vacinas causam miocardite e/ou pericardite. Afirmar isso indicaria que essas doenças são consequência inevitável ao se tomar as vacinas. Na verdade, o país pediu apenas a inclusão desses problemas de saúde entre os possíveis efeitos adversos das vacinas que usam tecnologia mRNA.

Ou seja, existe a possibilidade, rara, do desenvolvimento de miocardite ou pericardite após se tomar uma destas vacinas. Mas a probabilidade disso ocorrer é bem menor do que no caso da pessoa contrair a doença. Por isso, o Japão não apenas continua a usar as duas vacinas com essa tecnologia, como escolheu estes imunizantes para administrar as doses de reforço na sua população.

Antes do Japão, Estados Unidos e Brasil já tinham feito o mesmo alerta e pedido a mesma mudança. Nas bulas das vacinas constam estas informações, assim como nas bulas de quaisquer medicamentos constam informações sobre efeitos colaterais possíveis, dos mais comuns aos mais raros. Dos mais simples aos mais graves. 

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É falsa a informação de que governo japonês afirmou que vacinas causam miocardite
É falsa a informação de que governo japonês afirmou que vacinas causam miocardite

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