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Os tubarões de Miami estão ficando obesos? Verdadeiro

Nem mesmo os animais marinhos estão livres do acúmulo de gordura; pesquisadores revelam o que há por trás do problema 

MonitoR7|Marcela Virgulino*, do R7

Tubarão-lixa é mais sedentário que outras espécies
Tubarão-lixa é mais sedentário que outras espécies

Os temidos tubarões, conhecidos por serem os caçadores mais letais do oceano e levarem o público ao cinema para ver os filmes do diretor Steven Spielberg, agora estão ficando obesos. O fenômeno foi observado nos animais que vivem perto das praias de Miami, nos Estados Unidos.

Recentemente, um estudo divulgado pela revista Science of the Total Environment em parceria com a agência Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), revelou que a espécie de tubarão-lixa (Ginglymostoma cirratum) vem acumulando gordura no corpo. Um dos motivos é que ela vive perto das áreas urbanas.

O professor e biólogo Leonardo Marconato da Estácio explica que "tubarões-lixa são mais sedentários, pois possuem um sistema de ventilação das brânquias mesmo quando estão imóveis. Outras espécies, quando param de nadar, morrem".

"A presença de ácidos graxos de bactérias, comuns nos esgotos, foi identificada nas águas de Miami onde esses tubarões vivem. Além disso, há outros indicadores, como a construção de portos e a atuação de pescadores na região, que jogam restos de pesca, o que facilita a obtenção de alimentos", destaca o professor Rubens Oda, da Faculdade Descomplica.


Com corpo de forma achatada, o tubarão-lixa recebe esse nome porque sua pele possui uma textura muito áspera, parecida com uma lixa. Além da aparência, o animal tem um bigode que lhe permite encontrar alimentos no fundo do mar.

A revista Science of the Total Environment também destacou que outras espécies — como, por exemplo, o tubarão-galha-preta (Carcharhinus limbatus) — não são afetadas da mesma forma que os tubarões-lixa. O motivo? O professor Antônio Mataresio Antonucci, do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Anhanguera, de Sorocaba, ressalta que a diferença ocorre pelas características de cada espécie.


“Diferente do tubarão-lixa, mais sedentário, que vive perto da zona urbana e que não se movimenta tanto, gastando menos energia, o tubarão-galha-preta habita uma área mais afastada da costa e se dispõe a nadar mais, sendo mais ativo."

O acúmulo de gordura pode reduzir a vida do tubarão-lixa?

Urbanização é causa da obesidade dos tubarões
Urbanização é causa da obesidade dos tubarões

“Não podemos afirmar, pois não há estudos suficientes que comprovem que o acúmulo de gordura afete o tempo de vida desses animais", ressalta Antonucci. "Mas, com base nos mamíferos — que, se comerem demais, acabam engordando e diminuindo sua expectativa de vida —, podemos considerar que os tubarões-lixa correm mais risco, mas não é uma certeza.” 


Para o biólogo Leonardo Marconato, não existe precisão sobre a longevidade dos animais, principalmente quando avaliados os efeitos da urbanização e da poluição. "Não há estudos nesse sentido para afirmar que há uma diminuição do tempo de vida."

O que pode ser feito para preservar a vida dos tubarões?

A poluição e a exploração descontrolada dos recursos naturais colocam em risco a vida marinha. "Quando pensamos nesse tipo de impacto, não tem como não pensar nos erres da sustentabilidade: reduzir, reciclar, reutilizar, repensar e recusar", diz o professor Rubens Oda. "É preciso ter tratamento do esgoto antes de ele ser despejado no mar."

* Estagiária do R7 sob supervisão de Karla Dunder

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