Roraima está sendo "tomada" por norte-americanos e índios?
Mensagem traz relato assustador sobre a vida no estado, em nome de professora universitária
MonitoR7|Do R7
Uma mensagem que relata como seria morar em Roraima, estado da Região Norte do país, circula nas redes sociais há alguns anos, elencando uma série de problemas no lugar. A mensagem tem a assinatura em nome de uma bióloga da Universidade de São Paulo. Um leitor do MonitoR7 recebeu a mensagem e pediu a checagem das informações.
Entre as afirmações, o texto informa que não existem indústrias no Estado, que 70% do território roraimense é demarcado como reserva indígena e que “na única rodovia que existe”, brasileiros não passam, a não ser que tenha autorização da FUNAI (Fundação Nacional do Índio). O acesso, no entanto, seria livre para estrangeiros.
Ainda de acordo com o texto, os estrangeiros são favorecidos e os Estados Unidos, interessados na riqueza da Floresta Amazônica, exploram o local para patentear recursos. A bióloga afirmaria ainda que até mesmo uma invasão militar está no radar dos estadunidenses, para manter os interesses econômicos no local, sob alegação de estarem “combatendo o narcotráfico”.
As informações contidas neste texto são falsas. A começar pela assinatura. Maria Silvia Alexandre Costa de fato é bióloga e já trabalhou na USP. Mas há quase 20 anos ela luta para provar que nunca fez esse texto. E nem poderia, porque nunca esteve em Roraima.
O texto mente ainda, nas informações sobre o estado mais ao Norte do país. Em um dos trechos do texto, é dito que a proporção do estado é de “um roraimense para cada dez pessoas”. Essa informação é falsa. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 55% das pessoas que vivem em Roraima nasceram no Estado.
É mentira também que Roraima não tem nenhuma indústria. Dados da FIER (Federação das Indústrias do Estado de Roraima), de 2019, indicam que o estado possui mais de 500 indústrias, que geram mais de dez mil empregos diretos e R$ 10 bilhões para o PIB (Produto Interno Bruto) local.
Em relação à parcela da área do estado que é considerada terra indígena, o número correto não é o de 70%, que consta na mensagem. A área destinada à demarcação de terras indígenas equivale a 46,20% do território roraimense, segundo dados do IBGE e do Ecoamazônia.
Rondônia não tem, também, uma única estrada. Existem 27 rodovias estaduais em território roraimense.
Sobre a circulação em áreas públicas, Roraima segue o que está na lei e vale para todo território brasileiro. Cidadãos brasileiros e estrangeiros tem direito de circular e não há qualquer dispositivo legal que faça com que brasileiros precisem de autorização da FUNAI para passar por uma rodovia, enquanto estrangeiros são liberados.
Como há muitos indígenas no estado e vários se queixam de terem direitos desrespeitados, algumas vezes ocorrem manifestações que realmente bloqueam estradas e impedem a circulação. Mas, encerrado o protesto, o movimento na estrada volta ao normal. Como acontece em outros estados brasileiros.
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