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Se um homem fizer um teste de gravidez e der positivo, ele tem câncer de testículo?

Rumor voltou a circular nas redes sociais, e não se trata de uma verdade absoluta, mas pode servir de alerta 

MonitoR7|Yasmim Santos*, do R7

Homens que fazem um teste de gravidez e deparam com resultado positivo podem ter câncer
Homens que fazem um teste de gravidez e deparam com resultado positivo podem ter câncer

Voltou a circular nas redes sociais um vídeo postado no Facebook em 2021, por três amigos, que supõe que, se um homem fizer um teste de gravidez de farmácia e der positivo, pode significar que ele está com câncer de testículos.

O rumor existe desde 2012 na internet (começou no reddit) e já deixou muitos homens assustados. Por isso, a sociedade americana de câncer chegou a desmentir a informação publicamente.

"Acontece que os testes de gravidez funcionam para detectar um hormônio chamado beta-HCG (gonadotrofina coriônica humana), produzido pelas células da placenta durante a gravidez. Beta-HCG também é excretado por alguns tipos de tumor, mas não por todos os cânceres testiculares", explicou, em novembro de 2012, a instituição.

Segundo Fábio Torricelli, urologista do Hospital Sírio-Libanês, em alguns casos, o câncer de testículos pode causar um aumento do hormônio beta-HCG e, de fato, tornar um teste de gravidez positivo. Porém, isso não vale para todos os tipos de tumor.


"Os tumores de testículos são divididos em 'seminomas' e 'não seminomas'. Os seminomas puros, geralmente, não aumentam o beta-HCG", relata Torricelli.

Além do mais, esse tipo de câncer tem outros dois marcadores: o alfa-fetoproteína e o lactato desidrogenase (DHL, na sigla em inglês), que não são detectados pelo teste. Isso significa que um câncer de testículos que produz um desses hormônios, mas não o HCG, não tornaria o resultado positivo.


Vale ressaltar ainda que o beta-HCG pode estar presente em outros tipos de câncer, ou seja, o positivo pode não ter relação direta com um tumor de testículos.

"O beta-HCG pode estar aumentado em tumores testiculares e vários tumores não trofoblásticos, incluindo cânceres de mamas, ovários, pâncreas, cervical, gástrico e hepático", explica o urologista.


Em razão disso, a forma mais segura de diagnosticar a doença é por meio do exame físico (palpação), já que o seu sintoma mais comum é o testículo maior e endurecido — geralmente indolor.

De acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer), no Brasil, o tumor de testículos corresponde a 5% do total de casos de câncer entre os homens. Apesar de ser considerado raro, tem maior incidência durante a idade produtiva — entre 15 e 50 anos.

Quando diagnosticado em estágios iniciais, tem baixo índice de mortalidade.

A forma mais comum de rastrear o nódulo é a ultrassonografia com doppler do escroto. Caso seja encontrado, a indicação é de uma cirurgia de retirada do testítulo e do cordão espermático.

Após o procedimento, o exame anatomopatológico responde se era uma lesão benigna ou maligna.

Torricelli conclui que o teste de gravidez pode colaborar com o rastreamento de um possível câncer de testículos, mas não se deve confiar cegamente nele, já que a doença produz outros marcadores — que podem gerar um falso negativo — e há alguns tipos de câncer que produzem o beta-HCG.

"O aumento de beta-HCG não é específico de câncer de testículo, então é obrigatório avaliar os diagnósticos diferenciais", finaliza o especialista.

* Estagiária do R7, sob supervisão de Carla Canteras

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