Quem não quer uma solução simples para um problema complexo? Pois uma mensagem que é muito compartilhada indica um exercício com a língua, bem fácil, como maneira de reduzir uma das doenças mais assustadoras para pessoas mais velhas. E o método teria o aval de um médico de um renomado hospital privado de São Paulo. Segundo a mensagem, para reduzir as chances de se desenvolver a doença de Alzheimer, o virologista Roberto Klaus, do Hospital Albert Einstein, recomenda que se faça um exercício com a língua, ao acordar. A prática estimula o cérebro e poderia amenizar a hipertensão, a insônia e até a miopia. O exercício deve ser feito após se lavar o rosto, pela manhã, pela descrição da mensagem. Ele consiste, basicamente, em esticar a língua e movê-la para a direita e em seguida para a esquerda. Isso deve ser repetido por dez vezes. Nós recebemos essa mensagem de um leitor do MonitoR7, que pediu que suas informações fossem checadas. Nós, inicialmente, procuramos o médico citado. A assessoria de imprensa do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, esclareceu que o hospital não tem nenhum profissional com esse nome. Segundo a assessoria, esse mesmo nome, relacionado ao hospital, já foi usado na produção de outras peças de desinformação. O Conselho Federal de Medicina (CFM) também não tem registro de nenhum médico com o nome Roberto Klaus. Numa busca pela internet, encontramos pessoas com o nome ou parte do nome de "Robert Klaus", mas nenhum médico. Em relação ao exercício e suas supostas qualidades terapêuticas, nós consultamos os especialistas Feres Chaddad, chefe da Neurocirurgia do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo; e Daniela Coelho, neuropsicóloga mestra pela Unifesp. A doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa, com maior probabilidade de atingir pessoas idosas. Ela é caracterizada pela perda das funções cognitivas como memória, orientação, atenção e linguagem. Até o momento, não há cura para Alzheimer. Existem tratamentos para controlar os sintomas e retardar o agravamento da degeneração cerebral típica da doença. Segundo os profissionais ouvidos, isso já indica que se houvesse qualquer tipo de exercício simples para prevenção da doença, ele seria amplamente divulgado. Portanto, o exercício indicado na mensagem viralizada não tem nenhum efeito sobre o surgimento ou progressão da doença de Alzheimer. Os especialistas ainda alertam que a disseminação desse tipo de informação falsa, além de iludir as pessoas, pode fazer com que elas se descuidem da prevenção real à doença, que inclui o monitoramento de sinais importantes, como episódios de perda de memória, desorientação ou mudança repentina de humor. Os profissionais ouvidos afirmam que os cuidados que podem realmente ajudar a retardar o surgimento ou amenizar os efeitos da doença de Alzheimer são hábitos saudáveis como atividade física com frequência e acompanhamento, controle do peso, alimentação saudável, atividade cognitiva, atividade social e o cuidado com a saúde mental. A corrente compartilhada no WhatsApp diz que a rigidez da língua é um sinal do desenvolvimento da patologia no cerébro, mas isso não é verdade. Segundo o Ministério da Saúde, alguns sinais de alerta para doença de Alzheimer são dificuldade de memória que chega a afetar as atividades de vida diária e o trabalho, dificuldade para comunicar-se, desorientação no tempo e no espaço e diminuição da capacidade de juízo e de crítica. A mensagem apresenta o padrão de uma peça de desinformação: erros de português, uso de emojis, pedido para compartilhar com mais pessoas, informações desencontradas e sem sentido (como um virologista propor tratamento para uma doença que não é causada por um vírus ou dizer que o exercício cura os "tremores", que é sintoma de uma outra doença, o Mal de Parkinson) e o tom milagroso (que curaria de hipertensão até miopia). Ficou em dúvida sobre uma mensagem de aplicativo ou postagem em rede social? Encaminhe para o MonitoR7, que nós checamos para você (11) 9 9240-7777