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Vacinas "corroem" imunidade e causam Vaids?

Postagens creditam informação a artigo na revista científica The Lancet e falam em "síndrome da imunodeficiência adquirida por vacina"

MonitoR7|Do R7

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Imunizantes contra o Sars-CoV-2 afetariam a imunidade de forma progressiva
Imunizantes contra o Sars-CoV-2 afetariam a imunidade de forma progressiva

Um estudo publicado pela revista científica The Lancet teria revelado que a eficácia das vacinas contra a Covid-19 diminui com o tempo, de uma forma tão aguda que, após nove meses, ela seria mais prejudicial do que benéfica ao sistema imunológico.

Um semestre depois de se imunizar, o vacinado estaria mais exposto ao vírus do que aqueles que não se vacinaram. Além disso, o organismo geraria uma doença chamada síndrome da imunodeficiência adquirida por vacina (Vaids).


O MonitoR7 apurou que a mensagem distorce completamente a informação. O estudo realmente existe e foi publicado na revista, que é uma das mais prestigiadas publicações científicas do mundo, mas ele não chega à conclusão de uma "imunidade negativa", como se afirma na mensagem.

A pesquisa foi feita com base em dados oficiais da Suécia, do período de 12 de janeiro a 4 de outubro deste ano. Trata-se de um pré-print. Ou seja, a publicação foi feita antes de o estudo ter sido revisado por outros cientistas, o que significa que suas conclusões ainda podem ser revistas ou corrigidas.


O autor principal do estudo, Peter Nordstorm, professor da Universidade de Umea, define as mensagens com esse teor como "desinformação". Segundo Nordstorm, "não é verdade que nós tenhamos visto um efeito inverso significativo da vacina em nenhum subgrupo”.

Em entrevista à AFP Checamos, área de checagens da agência de notícias France-Presse, o pesquisador afirma que, na verdade, o estudo identificou que “a efetividade das vacinas contra a infecção sintomática por Covid-19 diminui progressivamente com o tempo”.


O consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, Leonardo Weissmann, atesta a explicação do autor da pesquisa. "A quantidade de anticorpos produzidos pela vacina cai com o tempo e isso acontece com qualquer imunizante, não somente com os que agem contra a Covid-19. É uma resposta natural do sistema imunológico."

Exatamente por isso, segundo Leonardo, países vêm aplicando doses de reforço em quem já teria a vacinação completa com duas doses. O Brasil é um deles, com o objetivo de ampliar a proteção coletiva por mais tempo.


Em relação à citada Vaids, Peter Nordstrom afirma, na mesma entrevista à AFP Checamos, que “também é falso afirmar que a vacinação provoque uma erosão imunológica ou uma imunodeficiência adquirida, se é que existe algo assim, segundo nossos dados ou qualquer outro dado de que eu tenha conhecimento".

O termo Vaids não é citado em nenhum momento no estudo publicado na revista The Lancet, mas é usado com frequência nas postagens que tratam do tema em grupos antivacina. O objetivo parece ser o de, mais uma vez, associar as vacinas contra a Covid-19 à Aids, doença já conhecida e estigmatizada, que é provocada por um outro vírus (HIV) e não tem nenhuma relação com a Covid-19 ou com as vacinas criadas para combater a doença.

Ficou em dúvida sobre uma mensagem de aplicativo ou postagem em rede social? Encaminhe para o MonitoR7, que nós checamos para você (11) 9 9240-7777

Publicação com distorções sobre estudo publicado na revista The Lancet
Publicação com distorções sobre estudo publicado na revista The Lancet

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