Conheço bem o Mercadão de São Paulo, que já virou atração turística, e também alguns mercadinhos nas imediações de onde moro. Mas o que preciso conhecer urgentemente é o mercado. Por enquanto, só sei pelo noticiário dos jornais dessa misteriosa entidade cujo nome deveria começar com letra maiúscula: Mercado. O m minúsculo não rima com algo tão poderoso e onisciente.
Editores e colunistas que se apresentam como doutores em economia parecem conhecê-lo tão bem que o tratam como se fosse gente. Nas primeiras páginas, o mercado acorda desconfiado, seu humor oscila durante o dia e pode dormir aborrecido, feliz ou colérico. Ainda não revelou o nome completo e não se expressa com palavras. O mercado fala por reações, que os jornalistas interpretam com muita segurança. E sempre se manifesta diante de qualquer decisão relevante do governo federal ou do Congresso no campo da economia.
Até recentemente, o mercado morava no centro de São Paulo, onde funciona a Bolsa de Valores. Nesta terça-feira, 23 de fevereiro, a Folha informou que agora reside na Avenida Faria Lima, s/n. De lá, mandou avisar que não gostou da mudanca no comando da Petrobras. Por enquanto, ninguém conseguiu fotografar o mercado. Quando isso acontecer, ele vai aparecer na capa de todas as revistas.
Zangado, provavelmente.